São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997
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Liga Mundial expõe nova geopolítica

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A oitava edição da Liga Mundial de vôlei masculino, que tem sua primeira rodada hoje, vai servir para delinear a geopolítica do esporte nos próximos anos.
Holanda, Itália, Brasil e Cuba, nesta ordem, mantêm o status de principais equipes. Essa seria uma situação confortável, não fosse a fase vivida por estas seleções.
Elas ainda têm que enfrentar as emergentes Iugoslávia -bronze na Olimpíada de Atlanta-96-, Bulgária e Rússia.
O panorama nas ditas favoritas é o mesmo: equipes em transição, sob novo comando e com as principais estrelas pedindo dispensa.
Campeã olímpica e atual detentora do título da Liga, a Holanda perdeu os atacantes Posthuma e Zwever. O técnico Joop Alberda deu lugar a Toom Gerbrands.
Na Itália, o brasileiro Bebeto de Freitas substituiu Julio Velasco e terá apenas quatro jogadores que foram a Atlanta. Bracci, Cantagalli e Tofoli, por exemplo, estão fora. Mesmo assim, Bebeto diz que está entre os favoritos.
O Brasil perdeu Giovane e Tande, que agora se dedicam ao vôlei de praia, e Maurício, que preferiu descansar. A estrela solitária passa a ser Marcelo Negrão, que terá ajuda dos olímpicos Carlão e Paulão.
Até as expectativas do novo técnico, Radamés Lattari, são moderadas em relação à campanha brasileira. "Queremos chegar à segunda fase, para a garotada jogar contra os melhores do mundo."
A "garotada" é o grupo formado pelos levantadores Marcelo, 21, e Ricardinho, 22, e pelos atacantes Gustavo, 21, Braz, 21 e Itápolis, 22.
A tarefa torna-se mais árdua depois dos resultados obtidos pela seleção nos últimos dois anos.
O Brasil não passou de um quinto lugar na Liga Mundial de 96 e, nos Jogos, o papel foi pior: de campeão olímpico, caiu para sétimo.
Cuba, por fim, mantém basicamente a mesma equipe, só que envelhecida -com destaque para o atacante Joel Despaigne, 30.
A favorita
A seleção russa é apontada como maior candidata ao título. Os motivos: manteve a mesma base que disputou os Jogos, apresenta os "gigantes" Dineikhine, 2,16 m, e Kazarov, 2,17 m, e está classificada para as finais por ser o país-sede.
"Enquanto todo mundo briga, os russos podem encarar a primeira fase como treino", diz Lattari.
A maior surpresa pode ser a Iugoslávia, do atacante Vladimir Grbic (pronuncia-se Gãbiq), que derrotou o Brasil nos Jogos.
Se as perspectivas se concretizarem, a Liga Mundial marcará o ressurgimento da escola do Leste Europeu, com um detalhe: a maioria dos jogadores dessas equipes atua na Itália, o maior mercado do vôlei masculino na atualidade.

NA TV - Bulgária x Brasil: Bandeirantes e Globosat/Sportv, ao vivo, à partir de 11h15

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