São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997
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Miranda assume posição contra a quebra de sigilo

RICARDO AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O desentendimento entre os deputados federais encarregados de apurar as denúncias de favorecimento e tráfico de influência na Conaf deve chegar hoje ao Ministério Público do Rio.
Os deputados Lindberg Farias (PC do B-RJ), Ricardo Gomyde (PC do B-PR) e Carlos Santana (PT-RJ) vão pedir a abertura de inquérito com a sugestão para que sejam quebrados os sigilos bancários dos presidentes da CBF, Ricardo Teixeira, do Atlético-PR, Mário Celso Petraglia, e do Corinthians, Alberto Dualib, além do do ex-presidente da Conaf, Ivens Mendes.
A iniciativa vai de encontro à tese do deputado Eurico Miranda (PPB-RJ), que alega que não é de competência dos deputados o pedido de quebra de sigilo.
Anteontem Miranda foi eleito presidente da subcomissão da Câmara destinada a apurar as denúncias. O fato provocou a renúncia às vagas na comissão por parte dos três parlamentares do bloco de oposição.
Cachorro morto
"O Eurico não quer que seja quebrado o sigilo do Ivens porque sabe que as investigações podem atingi-lo (Eurico Miranda)", afirmou Lindberg.
Segundo ele, como Miranda é vice-presidente do Vasco da Gama, ele pode ter tido contatos suspeitos com Mendes nos anos em que este esteve à frente da Conaf.
"Todo mundo sabe que ele (Miranda) é um câncer no futebol brasileiro e responsável por manipulações no futebol carioca", declarou.
A alegação de Miranda é baseada no argumento de que Mendes seria "um cachorro morto" e, portanto, não mereceria mais ataques.
O deputado Gomyde também está atuando em outra frente contra Miranda. Ele afirma já ter solicitado ao presidente do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) de São Paulo, Marco Polo, uma sustentação jurídica para que o Atlético-PR não seja rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro em função das denúncias.
Um dos interesses declarados de Miranda é promover o descenso do clube paranaense para que o Fluminense, do Rio, seja reconduzido ao grupo de elite do futebol brasileiro.
Os deputados da oposição dizem que podem reunir até terça-feira as 171 assinaturas necessárias para a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), que superaria em importância a subcomissão a que renunciaram anteontem.
Até ontem eles diziam já ter mais de 120 nomes apoiando a CPI.

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