São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997
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O Quinto Elemento

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Enquanto o cinema brasileiro continua renascendo, o francês domina o mundo -ou os Estados Unidos, o que dá na mesma.
O culpado é o thriller futurista "O Quinto Elemento" (The Fifth Element), do diretor francês Luc Besson, que estréia hoje em São Paulo, abriu o Festival de Cannes no último dia 7 e vem batendo recorde atrás de recorde.
O filme, falado em inglês, tem Bruce Willis, Gary Oldman e Milla Jovovich nos papéis principais, Jean-Paul Gaultier nos figurinos, foi produzido pela francesa Gaumont e é distribuído pela norte-americana Columbia Pictures.
Já chamado de "Fifth" em títulos de reportagens pela imprensa norte-americana (que só dá apelidos a grandes sucessos ou a grandes fracassos), foi o mais visto no seu fim-de-semana de estréia, o último, nos Estados Unidos.
Arrecadou, só nesses três dias, US$ 17,2 milhões -o segundo lugar ficou com "Father's Day" (Dia dos Pais), não por coincidência uma refilmagem da comédia francesa "Les Compères" (Os Companheiros), com US$ 8,7 milhões.
Filme-evento Nunca, na história de Hollywood, um filme não-americano foi o mais visto no fim-de-semana de estréia. A imprensa, que vinha tratando o filme de maneira tímida até agora, começa a reconsiderar.
Por três motivos: um deles é que a América é particularmente simpática aos chamados filmes-eventos, aqueles que chegam com muita publicidade e o esquema de leia o livro, ouça o CD, navegue o CD-ROM, acenda o chaveirinho.
Outro é o orçamento -e "O Quinto Elemento" custou US$ 90 milhões, o filme mais caro já produzido na Europa. Por fim, há a lógica do dinheiro: se o filme é sucesso, algo de bom deve ter.
A revista "Variety", a bíblia da indústria, estampou o recorde como principal notícia da última segunda -sintomaticamente, chama o filme de "a ficção científica de Willis e Oldman", sugerindo que o dinheiro não tem nacionalidade, mas os jornalistas, sim.
"Eu não me considero um diretor francês ou europeu, mas parte da comunidade mundial do cinema", disse em Cannes Luc Besson.
Já a revista semanal "Newsweek" decretou: "Este filme está destinado a catapultar a Gaumont entre os grandes de Hollywood".
"Se Besson tivesse trabalhado sob a tutela de um dos grandes estúdios de Hollywood, seu roteiro não teria sido tão respeitado", disse em Cannes Nicolas Seydoux, presidente da Gaumont.
Hollywood já vinha flertando há algum tempo com Besson. Seu "Nikita" (90) foi refilmado nos EUA, com Bridget Fonda no papel principal e relativo sucesso. No final do ano passado, a versão nova de "O Profissional", com alguns minutos a mais, foi relançada por lá e continua em cartaz até agora.
Besson correspondeu à cantada: convidou o megastar Bruce Willis para protagonizar sua maior empreitada. "Foi o 'sim' mais rápido que já ouvi", disse Besson em Cannes. "Ele decidiu em duas horas."
"O Quinto Elemento" também não faz feio em casa: na França, já é o mais visto (leia texto à pág. 4-5).
E deve continuar batendo recordes de filmes não-americanos nos EUA. Pelo menos até sexta que vem, dia 23, quando estréia o blockbuster "O Mundo Perdido" -a continuação de Steven Spielberg para o megasucesso "Parque dos Dinossauros".
Então, vai ser covardia.

Filme: "O Quinto Elemento"
Produção: França/EUA, 1997
Direção: Luc Besson
Com: Bruce Willis, Gary Oldman
Quando: estréia hoje nos cines Ipiranga 1, Center Iguatemi 3, Astor e circuito

LEIA MAIS sobre "O Quinto Elemento" à pág. 4-5

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