São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997 |
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José Dumont quer prestar homenagem a homem simples
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
Como Lineu, que luta para construir a máquina do movimento perpétuo, Dumont também não foi à escola, mas conseguiu realizar seu sonho de fazer cinema. No roteiro, ele enfrenta o proprietário das terras da região, interpretado por Jonas Bloch, que não acredita no projeto de Lineu e tenta impedi-lo. * Agência Folha - Quem é Lineu? José Dumont - Lineu é o artesão. Nós pretendemos, com isso, homenagear os artesãos do Vale do Jequitinhonha. É um cientista sem universidade, mas que conhece os princípios da natureza. Agência Folha - O que Lineu propõe é uma utopia? Dumont - O filme mostra o princípio da biodiversidade. Qualquer pessoa pode conseguir energia da água, do sol ou do vento. São essas formas que, no futuro, vão prevalecer. Agência Folha - Mais homens como Lineu poderiam ser a solução para locais pobres como Kenoma? Dumont - Sim, porque, dentro da fantasia dele, ele procura resolver as coisas. No Brasil, há muitos Lineus. O que não tem é escola e infra-estrutura. Eu posso falar por mim mesmo, porque nunca fiz escola. Aos seis anos, já sabia ler e escrever no interior da Paraíba, um lugar onde raramente você encontra alguém alfabetizado. O fato de aprender a ler fez com que eu saísse daquele interior bravo. Agência Folha - É preciso ter vontade de melhorar? Dumont - É isso que me encanta nesse personagem. Ele tem mais coragem do que eu. Mas eu sempre quis fazer cinema, que é uma coisa muito menos "viável" do que uma máquina dessas (risos). (CHS) Texto Anterior: Mariana Lima se inspira em moradores Próximo Texto: Moinho é eixo central da trama Índice |
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