São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997
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'O Sonho' é lamento dos males humanos

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

O dramaturgo sueco August Strindberg (1849-1912) utilizou elementos da mitologia hindu para escrever "O Sonho". O diretor mineiro Gabriel Villela juntou ao texto de Strindberg elementos da realidade brasileira.
O resultado é a encenação de "O Sonho" -até domingo no Teatro Glória (na Glória, zona sul do Rio). Às queixas de Agnes, filha do deus Indra, sobre os seres humanos, Villela somou referências aos mortos pela hemodiálise de Caruaru, aos meninos de rua cariocas e aos sem-terra.
A peça, escrita em 1901, é um lamento sobre os males humanos e mostra sua atemporalidade ao discutir esses aspectos.
"O Sonho" começa com o pedido de Agnes a Indra para conhecer os humanos. Depois de uma relutância inicial, Indra concorda e Agnes chega à Terra.
Aqui depara com a mesquinharia, a falsidade e a trivialidade dos mortais. O sonho utópico vai aos poucos se transformando em pesadelo. Cada vez mais presa à Terra, Agnes se angustia e lamenta o pedido feito.
"O ser humano é digno de lástima", diz o personagem várias vezes durante a encenação -até fugir e voltar para o lado do pai.
A montagem de "O Sonho" já recebeu alguns convites para apresentações no exterior, como dos festivais de teatro de Havana (Cuba), Jerusalém (Israel) e Sidney (Austrália).
O problema: o grupo não tem como arcar com as despesas das viagens. "Conseguimos ser descobertos por olheiros que estiveram em Curitiba, mas talvez percamos a chance por falta de dinheiro", lamenta Evani Tavares, intérprete de Agnes, a filha do deus Indra.

Peça: "O Sonho", de August Strindberg
Direção: Gabriel Villela Com: Núcleo de Teatro de Repertório do Teatro Castro Alves
Onde: Teatro Glória (rua do Russel, 632, Glória, tel. 021/557-5533)
Quando: hoje e amanhã às 21h e à meia-noite, domingo às 17h e 20h
Quanto: R$ 15

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