São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 1997
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Francês projeta 'fachada imaginária' no Pacaembu

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O projeto "Fachadas Imaginárias", criado pelo arquiteto francês Philippe Mouillon em 1990, promete transformar o estádio do Pacaembu em uma escultura multimídia nos dias 19, 20 e 21 de dezembro.
Na tarde de ontem, Mouillon fotografou e mediu a fachada do Pacaembu, junto com técnicos e uma equipe do corpo de bombeiros. O próximo passo será produzir uma planta esquemática, que será distribuída para cerca de cem artistas plásticos do mundo inteiro.
Entre os brasileiros que poderão integrar o projeto há nomes como Thomaz Ianelli, Claudio Tozzi, Luiz Áquilla, Anna Bella Geiger. A proposta é que cada artista produza imagens que, transformadas em slides, serão projetadas na fachada do Pacaembu durante um espetáculo ao ar livre, que também contará com músicas especialmente compostas por Edu Lobo e Egberto Gismonti.
Arcos da Lapa Mouillon acredita que a realização de "Fachadas Imaginárias" em São Paulo repetirá o sucesso alcançado no Rio de Janeiro ano passado, quando os Arcos da Lapa serviram de pano de fundo.
Na França, experiência semelhante utilizou a Igreja de Saint-Louis, construída no século 18 e localizada na cidade de Grenoble.
"A globalização deste final de século confunde a identidade dos cidadãos. Convivemos com as características do bairro em que moramos e, ao mesmo tempo, com o que ocorre no resto do planeta", afirma Mouillon.
"Repetindo uma frase do atropólogo francês Marc Augé, que estará em São Paulo em dezembro para um colóquio sobre identidade urbana, somos todos contemporâneos pela primeira vez na história da humanidade. Pela primeira vez, temos uma verdadeira consciência dos outros cidadãos do mundo."
Segundo Mouillon, o projeto "Fachadas Imaginárias" permite uma reflexão sobre esta nova realidade. Ao mesmo tempo, estimula na população um novo olhar sobre a cidade.
Identidade Depois de percorrer vários pontos de São Paulo, Mouillon concluiu que a cidade não mais possui um centro. "São Paulo cresceu de forma complexa e sua identidade se pulverizou em várias direções", comenta.
Quanto à escolha do Pacaembu como cenário de "Fachadas Imaginárias", o arquiteto justifica: "trata-se de um local onde o futebol ainda consegue estabelecer certa identidade coletiva".
(AFP)

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