São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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PT descarta Itamar de frente oposicionista contra FHC

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-presidente Itamar Franco está fora do bloco sonhado pela direção do PT para enfrentar o governo Fernando Henrique Cardoso nas eleições de 98.
O PT não examinava seriamente a hipótese de apoiar uma eventual candidatura Itamar à Presidência da República, mas o aval a uma tentativa de chegar ao governo mineiro poderia ter o sim do partido, desde que em troca Itamar endossasse o nome petista que disputará o Planalto no ano que vem.
"A falta de Itamar ao encontro do Chile atrapalhou tudo", diz José Dirceu, presidente nacional do PT, referindo-se ao encontro das esquerdas recém-ocorrido no Chile.
No bastidor, outras lideranças da legenda sentenciam: não viram no ex-presidente disposição para radicalizar no discurso contra o governo FHC, como convém ao sensível ouvido petista.
O mesmo diagnóstico é aplicado no caso do ex-ministro Ciro Gomes, um tucano aparentemente fora do ninho, mas com dificuldade de se enquadrar no receituário do petismo, mesmo que reciclado.
"Flexibilização"
Além do descarte de Itamar e da incerteza sobre o caminho de Ciro, o PT recebeu outro aviso preocupante no Chile: PDT e PSB expuseram claramente que já foi o tempo em que o PT tocava a corneta e os outros seguiam atrás.
"PSB e PDT nos disseram que, se o PT não flexibilizar as alianças, poderão lançar outros candidatos à Presidência da República em 98", relata Dirceu.
Por "flexibilização" entenda-se abrandar o purismo do programa que será defendido pelo candidato e, talvez mais importante, apoiar concorrentes das outras agremiações em disputas estaduais.
Nas conversas no Chile, os nomes de Célio de Castro (prefeito de Belo Horizonte e pertencente ao PSB) e Ciro Gomes foram soprados aos ouvidos dos dirigentes do PT como possíveis encabeçadores de uma chapa presidencial.
Dirceu entendeu o recado. "Vamos definir a política de alianças até agosto, mas o PT tem que aprender que o cenário é diferente agora e é preciso mudar para formar um bloco forte para 98", afirma o presidente do partido.
Não será fácil. Uma das exigências do PDT é o apoio à candidatura do brizolismo ao governo fluminense. O PT do Rio já rechaçou, na eleição municipal de 96, a pressão da direção nacional da legenda para se coligar com o PDT.
"Está na hora de flexibilizar, desde que as candidaturas tenham claro perfil de oposição ao governo federal", afirma Dirceu. "Estamos numa encruzilhada", acrescenta.
Luiz Inácio Lula da Silva já adiantou que só será candidato se o PT abandonar a ojeriza a coligar-se nas eleições estaduais.

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