São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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SP terá inverno seco, poluído e mais quente

MARCOS PIVETTA

MARCOS PIVETTA; FABIO SCHIVARTCHE; MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

Falta de chuvas nos últimos meses deve afetar desde o abastecimento de água na cidade até a qualidade do ar

Os moradores do Sudeste, sobretudo os da cidade de São Paulo, devem se preparar para um inverno difícil. A estação começa dia 21 de junho e vai até setembro.
Segundo as previsões dos meteorologistas e da Cetesb (agência ambiental paulista), o inverno na região será um pouco mais quente do que o costumeiro, com poucas chuvas e altos índices de poluição.
Isso significa mais problemas de saúde, principalmente os ligados ao aparelho respiratório.
Os sinais apresentados pelo clima até agora estão preocupando os pesquisadores.
Os meteorologistas haviam previsto um abril úmido, depois de ter chovido apenas um terço da média histórica de março na cidade. Não foi o que aconteceu.
Dados do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) mostram que choveu 40 milímetros, nem metade do que era esperado em abril.
A situação não melhorou no mês de maio. Na sexta-feira, dia 16, a cidade de São Paulo completou 25 dias sem uma gota de chuva.
"Se maio continuar muito seco, precisaremos juntar os meteorologistas para repensar as previsões para o inverno", afirmou Pedro Leite da Silva Dias, professor do Departamento de Ciências Atmosféricas da Instituto Astronômico e Geofísico da USP (Universidade de São Paulo).
Menos frio
"Não há sinais de que ocorrerá algo de extremamente anormal no inverno de São Paulo, mas temos que ficar atentos", disse Dias.
"Não haverá nada de caótico, mas deverá ser um inverno um pouco pior do que o do ano passado, provavelmente com mais poluição na capital paulista", disse Claudio Alonso, gerente de qualidade ambiental da Cetesb.
A eventual elevação de temperatura será pequena, em torno de um grau, o que não impedirá a ocorrência de dias muito frios.
Na cidade de São Paulo, a temperatura média em junho é 16,5 graus. Em julho, a média cai para 15,8 graus e em agosto vai a 17,1 graus.
Menos água
Outro prognóstico preocupante para o inverno é o dos especialistas em abastecimento de água.
Eles dizem que há possibilidade de faltar água na cidade de São Paulo no final do inverno, devido à seca prolongada. Para a Sabesp, esta possibilidade é remota.
Outra ameaça deste inverno pode ser a falta de energia.
Durante a estação, o consumo de água aumenta 10%. Como o grosso da energia utilizada no país é hidrelétrica, a falta de chuvas pode também vir a comprometer a produção de energia.
A Eletrobrás diz que não há razão para preocupação. Mas é bom não esquecer que, no mês passado, o país foi brindado com megablecautes dois dias seguidos.

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