São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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Nova droga ajuda doentes de Alzheimer

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma nova droga, capaz de melhorar a performance intelectual e a memória das pessoas que têm a doença de Alzheimer (popularmente conhecida como "esclerose"), deve chegar ao mercado brasileiro no início do próximo ano.
Aprovado no final de 96 pelo FDA -órgão que regulamenta medicações e alimentos nos EUA- o donepezil oferece vantagens em relação ao remédio anterior existente para tratar os sintomas da doença.
A doença de Alzheimer é o tipo mais comum de demência (processo de perda progressiva das capacidades cognitivas -fala, raciocínio, orientação, memória etc). Ela atinge hoje, só nos EUA, mais de 4 milhões de pessoas.
À medida que a população do mundo fica mais velha, o número de casos de pessoas com Alzheimer tende a aumentar.
Aproximadamente 10% da população entre 65 e 74 anos tem sintomas da doença. Aos 85, esse número pode chegar a quase 50%.
Ainda hoje não existe cura para o mal de Alzheimer. Mesmo as novas drogas têm seu efeito mantido por um tempo limitado e não conseguem evitar a progressão da doença. A maior parte dos "prejuízos" que já foram provocados pela doença não são eliminados pelos remédios.
Segundo Neill Graff-Radford, chefe do departamento de neurologia da Clínica Mayo em Jacksonville (Flórida) -um dos centros mais importantes de pesquisa em Alzheimer em todo o mundo- os doentes têm diminuição da atividade de uma substância no cérebro conhecida como acetilcolina.
Tanto o donepezil como a medicação mais antiga (tacrine) bloqueiam uma enzima que destrói a acetilcolina, fazendo com que os níveis dessa substância voltem a aumentar no cérebro.
Com isso, algumas capacidades cognitivas (fala, orientação, raciocínio, memória) podem melhorar temporariamente.
Radford explica que outras alterações, como o depósito da proteína beta amilóide no tecido cerebral, também são responsáveis pela deterioração das capacidades cognitivas.
O tacrine deve ser tomados quatro vezes ao dia -um empecilho para pacientes que têm a memória comprometida- e pode causar alterações no fígado -o que exige um controle mensal através de exames de sangue.
O donepezil precisa ser tomado apenas uma vez ao dia e não causa alteração no fígado. Ele pode provocar náuseas e diarréias nas primeiras semanas de tratamento.
Getúlio Daré Rabello, neurologista do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo), explica que as drogas são mais efetivas nos pacientes que estão nos estágios iniciais da doença e podem perder o efeito com o passar dos meses. Elas também não funcionam em todos os pacientes.

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