São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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Inquérito investiga quem sabia da fita

PM apura responsabilidades de 8 oficiais

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria da Polícia Militar vai instaurar um IPM (Inquérito Policial-Militar) para apurar as responsabilidades dos oficiais que sabiam da existência da fita com cenas de violência policial em Diadema antes de as imagens irem ao ar, no dia 31 de março. Entre os envolvidos está o subcomandante-geral da PM, coronel Carlos Alberto da Costa.
A abertura do inquérito, que acontece nesta semana, é uma determinação do comandante-geral da corporação, coronel Claudionor Lisboa. O IPM será acompanhado por um promotor de TJM (Tribunal de Justiça Militar).
A medida é baseada no relatório final de uma sindicância presidida pelo coronel André Boicenco. A conclusão da investigação preliminar foi entregue ao comandante-geral no último dia 8.
Lisboa determinou a abertura da sindicância logo após a celeuma causada sobre quem sabia da fita. O objetivo principal era descobrir por quais escalões da PM a notícia sobre a existência do vídeo, com PMs espancando e matando uma pessoa na favela Naval, passou.
Falta disciplinar
Boicenco concluiu que houve "falta disciplinar" de pelo menos oito oficiais, que contribuíram, de alguma forma, na demora de a notícia sobre a fita chegar até Lisboa.
Foram citados todos os oficiais que ocupavam na época os comandos do 8º Batalhão (Tatuapé, zona leste, onde a fita foi entregue), do 24º Batalhão (Diadema, onde os dez policiais acusados trabalhavam), do policiamento do ABCD, da Corregedoria da PM e do CPM (Comando de Policiamento Metropolitano).
Também conclui-se que o subcomandante-geral, coronel Costa, soube da fita com antecedência. Para tanto, não era necessária nem a sindicância, pois Costa admitiu, em depoimento na CPI de Diadema da Assembléia Legislativa, que soube na fita no dia 27, quando conversava com o coronel Coji Yanaguita, então comandante-interino do CPM, sobre o Grande Prêmio Brasil de F-1.
Com exceção do coronel Luiz Antonio Rodrigues, que foi afastado do comando do ABCD e depois retornou ao cargo, do tenente-coronel Édson Pimenta Bueno e do subcomandante-geral da PM, todos os outros oficiais (três coronéis e dois tenentes-coronéis) envolvidos foram afastados dos postos que ocupavam.
As medidas disciplinares contra os oficiais serão determinadas, agora, após a conclusão do IPM, que também deverá ser presidido por Boicenco, que é o mais antigo coronel da corporação.

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