São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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Motorista "gasta" meio carro por ano

GABRIEL J. DE CARVALHO

GABRIEL J. DE CARVALHO; JULIANA GARÇON
DA REDAÇÃO

Quem gasta R$ 13.590 na compra de um "popular" pode ficar com apenas R$ 7.529 ao final de um ano

JULIANA GARÇON
O desejo de locomover-se numa megacidade como São Paulo sem depender de transporte público custa caro, todo mundo sabe. Mas poucos têm pelo menos noção desse custo em termos financeiros.
Para estimá-lo, a Folha imaginou a situação de quem possui R$ 13.590 em mãos e, a partir daí, defronta-se com três opções: 1) compra um carro "popular"; 2) descarta o carrinho e usa transporte coletivo; e 3) também deixa o veículo de lado, mas anda de táxi.
Os cálculos financeiros indicam que ao final de um ano as perdas líquidas seriam de R$ 6.061 na opção do carro próprio, e de R$ 10.253 na do táxi. Quem preferiu ônibus e metrô ganharia R$ 2.050.
Em outro enfoque: depois de 12 meses, o dono do carro teria disponíveis R$ 7.529 se o vendesse com desvalorização de R$ 1.000, e o da opção pelo táxi ficaria com apenas R$ 3.336 disponíveis.
Quem optou por enfrentar filas de ônibus teria pelo menos o consolo de ver sua "poupança" inicial de R$ 13.590 chegar a R$ 15.640.
O exercício considerou tanto os gastos iniciais (compra do carro, IPVA, seguro etc.) quanto os correntes ao longo de 12 meses (combustível, estacionamento).
A hipótese financeira em todos os itens, e considerando o fluxo de pagamentos e receitas, foi de 1,2% como rendimento líquido ao mês.
Para quem descartou o uso de veículo próprio, supôs-se que o aluguel da vaga na garagem do prédio onde mora lhe proporciona uma receita de R$ 100 por mês.
Alternativas
As conclusões parecem óbvias, mas a estimativa de custos pode ser útil, por exemplo, a quem pensa em comprar o segundo carro.
Pode sair mais barato continuar com apenas um veículo e contratar um motorista particular para atender toda a família.
Considerando dois mínimos como salário mensal e mais encargos da Previdência, o motorista exigiria, em um ano, um desembolso de não mais que R$ 3.500.
Dependendo da idade dos filhos, a economia seria maior se eliminado o custo da perua escolar.
O custo do veículo próprio não parece, entretanto, ser decisivo na escolha do meio de transporte.
O advogado Mauro Augusto Ponzoni Falsetti, 26, não tem noção exata de quanto gasta com o carro, mas o considera essencial.
A dentista aposentada Liz Rosso, 58, pensa diferente. Revela gastar R$ 20 por dia com táxi para não se expor à tensão do trânsito.
Julio Squassina, comerciante, tem um Diplomata e vai ao trabalho de carro. Durante o expediente, no entanto, ele prefere circular pela cidade de táxi e desembolsa pelo menos R$ 50 por dia com essa opção.
Os cantores Roberto Fabel, 45, e Uxa Tamm, 56, calculam economizar R$ 1.000 por mês, em combustível e estacionamento, dando preferência ao transporte coletivo.

LEIA MAIS sobre custos de transporte na pág. 2-6

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