São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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Manter carro próprio pode levar 45% de "poupança"

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

O custo do transporte individual em São Paulo pode chegar, em um ano, a cerca de 45% da poupança total exigida na compra de um carro "popular".
Para um capital inicial de R$ 13.590, equivalente ao valor da aquisição de um veículo zero e despesas com imposto, seguros etc., o proprietário que se utiliza do carro no dia-a-dia terá no bolso, ao final de 12 meses, apenas R$ 7.528,94 se decidir revendê-lo com desvalorização de R$ 1.000.
A diferença de R$ 6.061, ou 44,6% do capital inicial, seria a perda líquida da opção pelo transporte individual.
Foi essa a conclusão a que chegou a Folha, em colaboração com Maurício S. de Vasconcellos, estudante da Faculdade de Economia e Administração da USP, depois de efetuados cálculos sobre os custos do uso e da manutenção de um carro em um ano.
Os cálculos levaram em conta o investimento inicial, os fluxos dos pagamentos ao longo de um ano e um rendimento líquido de 1,2% ao mês. Isto, para efeito de comparação com alguém que, a partir do mesmo capital inicial, o aplicasse no mercado financeiro e usasse transporte público.
Os cálculos basearam-se em três hipóteses.
1) Alguém que decide comprar um carro "popular" por R$ 11.900 e despende mais R$ 1.690 para colocá-lo em uso, protegido com seguro. Gasto imediato: R$ 13.590.
Terá despesas ao longo do ano, com uso, manutenção e estacionamento. Ao final, se quisesse vender o carro, conseguiria R$ 10.500.
2) Outra pessoa com os mesmos R$ 13.590 disponíveis, mas que descarta a compra do carro e aplica o dinheiro a 1,2% ao mês.
A opção é percorrer a cidade de ônibus e metrô, com duas viagens/dia em cada modalidade. Como fica sem carro, aluga a vaga na garagem por R$ 100/mês.
3) A terceira hipótese é igual à segunda, mas com a opção pelo transporte de táxi nas mesmas distâncias estimadas (perto de 33 km por dia ou 1.000 km/mês). Da poupança, usa R$ 1.050 por mês para custear as viagens de táxi.
Perdas e ganhos
A maior perda líquida ao final do período para um capital inicial de R$ 13.590 ocorre com a alternativa do táxi: R$ 10.253,55.
Apesar de não ter empatado os R$ 13.590 no carro "popular" e ter recebido a renda pela vaga na garagem, depois de 12 meses ele teria apenas R$ 3.336,45 aplicados.
Para quem não resistiu à tentação de usar carro próprio e teve as despesas usuais para seu uso e manutenção, a perda líquida é menor, mas significativa: os R$ 6.061,06.
Ao final de 12 meses, vendendo o carro por R$ 10.500, esse personagem teria R$ 7.528,94 em mãos para fazer o que bem entender.
A terceira conclusão se encaixa nos benefícios do "pão-durismo". Quem preferiu andar de transporte coletivo não teve perda.
Pelo contrário, sua "poupança" inicial de R$ 13.590 estaria em R$ 15.640,45 ao término de um ano, já pagas todas as despesas de locomoção e incluídas as receitas com o aluguel da vaga na garagem.
Essas conclusões não consideram, obviamente, custos imponderáveis de cada opção. (GJC)

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