São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nortel quer investir em rede pública

Telesp fechou contrato

RODOLFO LUCENA
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI

A abertura do mercado brasileiro de telecomunicações está fazendo com que as grandes multinacionais do setor repensem seus investimentos no país.
Para a Northern Telecom (Nortel), que no ano passado faturou US$ 12,85 bilhões no mundo, o Brasil pode vir a ser o principal mercado na América Latina.
"Esses mercados estão se abrindo mais para a competição. Especificamente em relação ao Brasil, estou muito impressionado com a inteligência e sabedoria com que está sendo feito a concorrência da banda B (telefonia celular)", disse o presidente da Nortel Cala (Caribe e América Latina), Gary Donahee.
A empresa fechou recentemente contrato com a Telesp para implantação de sistema de transmissão via fibras óticas na região metropolitana de São Paulo, no valor de US$ 54 milhões.
O crescimento da importância do mercado brasileiro pode levar a empresa a fabricar equipamentos no país, segundo o presidente da Nortel.
"Avaliando nossas prioridades estratégicas, em âmbito mundial, no ano passado e neste ano, o Brasil é um dos nossos mercados-chave. Vamos ampliar nossas base de recursos, talvez até iniciar a produção no Brasil", afirmou.
Novas áreas
Donahee disse que, neste momento, a Nortel é basicamente fornecedora na área serviços sem fio.
"Mas gostaríamos de entrar, eventualmente, na área de redes públicas. Nós também fornecemos sistemas para redes empresariais e temos negócios com a Embratel na área de banda larga. Temos um sócio brasileiro. Usamos essa pareceria em algumas áreas, em outras atuamos diretamente. Mas, para sermos um competidor no Brasil, nós precisamos investir."
Segundo Donahee, o Brasil tem o potencial de ser o maior mercado na América Latina para a Nortel. "Hoje, está entre os três primeiros."
Donahee disse à Folha que a Nortel tem tido contatos com todos os consórcios que estão disputando a abertura da banda B.
Ele, porém, não soube precisar qual será o impacto para a empresa.
"Acho que só depois do anúncio dos vencedores saberemos como isso vai se desenrolar", afirmou.
Donahee disse que a Internet está mudando a maneira como a empresa realiza seus negócios.
"Também está provocando um congestionamento no sistema telefônico, você vê isso claramente nos EUA. A ligação telefônica comum dura, em média, de 10 a 12 minutos; a da Internet, 20 minutos. Então, você sobrecarrega a rede", disse.
O presidente da Nortel afirmou também que a empresa está desenvolvendo formas para manter o tráfego no sistema sem interferir na transmissão de voz.
"O que também acontece em muitos países é o crescimento do mercado de uma segunda linha -as famílias procurando ter uma linha telefônica específica para acesso à Internet."
Donahee disse ainda que o consumo de telefonia vai aumentar.
"Isso na medida em que você possa fazer mais coisas pela Internet. Mandar um fax, por exemplo, por 1/10 do custo da transmissão por linha telefônica", disse o presidente da Nortel.
Donahee afirmou que há uma revolução nos serviços via Internet. "Está mudando a maneira como nós nos comunicamos, como temos acesso às pessoas e às empresas."

Texto Anterior: Assinatura mensal para residência sobe 270%; Desconto tem novo horário na ligação local; Interurbano vai pagar 17% menos em média
Próximo Texto: Alca, um balanço
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.