São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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Livro ensina a "criar o próprio futuro"

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Finalmente um livro de "headhunter" (caçador de talentos) acessível e útil não só a executivos, mas a todos. Será lançado na quarta-feira (21) "Criando o Próprio Futuro - O Mercado de Trabalho na Era da Competitividade Total" (editora Ática, R$ 15, 184 páginas).
Seu autor, Simon Franco, 57, há 30 anos na atividade de consultor, ensina a sobreviver na nova realidade do mercado de trabalho.
O livro traz uma pesquisa inédita. Revela que 91% dos profissionais brasileiros possuem um comportamento funcional elaborador de planos e idéias, sendo 54% planejadores e 37% criadores.
Só 4% têm perfil realizador. Ou seja, poucos "perseguidores de resultados", que concretizam imediatamente planos e idéias. A conclusão veio após cinco anos e a consulta a 8.000 profissionais.
Em estilo leve e direto, fala sobre necessidades das empresas, currículos, entrevistas e como se diferenciar no mercado de trabalho.
O lançamento deve acontecer a partir das 19h, no Museu da Casa Brasileira (avenida Brigadeiro Faria Lima, 774, zona sul). A seguir, trechos da entrevista à Folha.
*
Folha - O que são as "revoluções fracassadas"?
Simon Franco - Foram ou estão sendo as tentativas de fazer mudanças como um processo inexorável, no qual as pessoas ou se enquadram ou espirram.
E fracassaram porque descobriram logo que as pessoas são, no mínimo, senão cérebro, o combustível das mudanças. Ignorar as pessoas e fazer mudanças acreditando que você vai "reengenhar" os processos é errado.
A reengenharia não se discute, era necessária. As pessoas são essenciais para a realização dos processos de reengenharia. Elas não podem se sentir ameaçadas.
Toda a proposta do livro é entender um contexto no qual existe a necessidade econômica. Existem as mudanças que necessariamente só acontecem nos paradigmas e existem as pessoas. Você não pode ignorar nenhum desses fatores.
No livro, falo sobre as revoluções negociadas. Isso é reconhecer que é preciso fazer essa revolução/mudança, mas num processo de interação entre pessoas e empresas.
Folha - Quando se deram conta de que estavam errando?
Franco - Nos últimos dois ou três anos, quando já implantados os projetos de reengenharia e tendo observado que os projetos eram melhores do que os resultados.
O diferencial ficou nas pessoas, que não se engajaram no projeto. Por quê? Porque, muito menos do que co-participantes, elas eram as diretamente ameaçadas. Pelo menos se viram como tal.
O que se percebeu era que as empresas estavam muito gordas, muito fáceis. Claro! Os mercados eram cativos, havia reservas de mercado. De repente, você vê o nascimento de concorrentes competindo com a mesma qualidade e menor custo.
Quando, em Detroit (EUA), viram algo não identificável andando pelas ruas e descobriram que era um Honda, um Toyota, um Asia Motors, perceberam que dormiram no ponto, de touca.
Abriram mercados para outros, sem ter sido capazes de identificar os desejos do consumidor. Chegaram outros e identificaram.
Folha - Isso envolve toda uma mudança...
Franco - ...De conceito, de mentalidade, de todos, do mundo. O mundo é global. É como dizer que o mundo era azul e agora o pintamos de verde. Olhamo-nos no espelho e descobrimos que somos azuis. Onde ficamos? Será que podemos nos dar ao luxo de não ser globais?
Criei para mim o "ser classe mundial", uma pessoa capaz de competir em igualdade de condições em qualquer parte do mundo.
Folha - Como a pessoa se pinta de verde, tendo sido educada a ser leal, seguidora e executora? Como ser, de acordo com o livro, alguém de iniciativa e liderança?
Franco - Tem de se reeducar.
Folha - O livro é exclusivo para executivos ou vale também para o chão de fábrica?
Franco - Vale para todos os níveis, mas principalmente para o filho do chão de fábrica.

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