São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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Liga Mundial-97 marca o adeus ao 'feio'

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Liga Mundial, em sua oitava edição, não marca apenas uma fase de disputas geopolíticas pelo hegemonia do vôlei. Deve ser um dos últimos torneios em que estará em quadra o vôlei "feio".
O final da década de 80 e os anos 90 tiveram consequências marcantes neste esporte.
Houve evolução nas formas de treinamento, difusão de métodos científicos e aparecimento de atletas cada vez mais fortes, mais altos.
Deixaram de ser aberrações gigantes como o russo Dineikine, 2,16 m, capaz de bater uma bola a uma altura de 3,55 m, ou como o holandês Bas van de Goor, 2,09 m, que chega aos 3,58 m.
"A verdade é que os jogos estão ficando chatos. As partidas são longas, mas quase não acontecem ralis (disputa de bola). Se quem está no esporte já sente, imagine o público", diz Bebeto de Freitas, técnico da seleção italiana.
"Na minha concepção, o vôlei não está legal de ser visto. Só o feminino mantém o interesse. Até por natureza os jogos sempre foram mais disputados. Mas elas ainda não atingiram a mesma plenitude física que os homens", afirma José Carlos Brunoro, ex-técnico da seleção brasileira.
A Federação Internacional de Vôlei (FIVB) se mobilizou.
A primeira providência foi a implantação do líbero, especialista em defesa -a figura existe no vôlei feminino desde a temporada passada. A maioria das seleções deve adotá-lo nesta Liga Mundial.
Brasil e Itália, por exemplo, usam os atacantes Kid e Pippi, respectivamente, como líberos.
Outra alteração proposta pela FIVB é o aumento da circunferência da bola, o que, na teoria, diminuiria a velocidade do jogo.
Para atender interesses das TVs, que têm dificuldades de encaixar o vôlei na programação, vai implantar o tempo fixo nos sets.
Nesse segundo semestre serão disputadas as primeiras partidas com limite de tempo (25 minutos por set). A estréia acontece no Grand Challenger, no Japão.
"Não é só a TV que briga. São também os técnicos e fisiologistas. A tensão a que um atleta é submetido em três horas de jogo é muito grande. Não há como se cobrar um grande espetáculo", complementa Paulo "Russo" Sevciuc, gerente de Esportes da Parmalat e ex-técnico da seleção brasileira.
Melhoria
A adoção das medidas recebe aprovação por parte dos técnicos.
"Todas as vezes que a federação mexeu no vôlei foi para melhor. Espero que aconteça de novo", declara Bebeto de Freitas.
"O vôlei tem que continuar evoluindo", afirma Brunoro.

LEIA MAIS sobre o vôlei mundial em infográfico à pág. 4-12

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