São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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Kabila se autoproclama chefe de Estado

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL A KINSHASA

O líder rebelde zairense Laurent-Desiré Kabila, 56, anunciou ontem estar assumindo as funções de chefe de Estado, enquanto suas tropas entravam na capital do país, Kinshasa, sem encontrar resistência do exército.
Os primeiros rebeldes começaram a chegar à cidade na manhã de ontem, menos de 24 horas depois de o presidente Mobutu Sese Seko, 66, ter entregado o poder após governar por quase 32 anos. Ele está desde sexta-feira em uma mansão na cidade de Gbadolite (norte), provavelmente a primeira etapa de um exílio no exterior -ele iria ontem para o Marrocos.
"O sr. Laurent Desiré-Kabila assume a partir de hoje (ontem) as funções de chefe de Estado da República Democrática do Congo", disse ele em uma declaração lida na cidade de Lubumbashi, no sudeste. Os rebeldes usam o nome que o país tinha após a independência (1960), mudado por Mobutu para Zaire em 1971.
O texto, que contém nove pontos do "plano de ação" dos rebeldes, diz que Kabila e sua Aliança das Forças Democráticas para a Libertação do Congo-Zaire vão formar nos próximos três dias um "governo transitório de salvação nacional". Ele não deu detalhes sobre quem vai integrá-lo.
O primeiro-ministro Likulia Bolongo, que ficou como chefe do governo após a saída de Mobutu, fugiu para Brazzaville, capital do vizinho Congo. Mobutu Kolongo, filho do ditador, fez o mesmo.
Apesar do barulho esporádico de tiros -duas pessoas foram mortas por estar supostamente saqueando o mercado central-, não houve combates pesados em Kinshasa. Militares eram vistos com lenços brancos na cabeça, indicando que haviam passado para o lado da guerrilha tutsi. Na entrada da capital, os homens de Kabila foram recebidos com festa.

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