São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
Texto Anterior | Índice

Iraniano e egípcio foram destaques nas paralelas

LEON CAKOFF
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Quais dos filmes valeram a pena duas semanas de massacre e correria no 50º aniversário do Cannes? Na competição pela busca dos filmes certos para a hora certa, os vencedores foram o mestre poeta das imagens Abbas Kiarostami, com seu filme maturado há dois anos "Gosto de Cereja", e o veterano, corajoso e principal cineasta egípcio Youssef Chahine, com seu "O Destino".
Kiarostami faz um elogio à vida através da odisséia de um intelectual que quer se suicidar e tenta encontrar quem o enterre depois do seu ato extremo. O cineasta justificou o tema do filme dizendo que "sem a possibilidade do suicídio eu teria me matado faz tempo".
Chahine foi o realizador mais ovacionado do festival embora o seu filme não se preocupe tanto com o virtuosismo e as modernidades perseguidas pela grande maioria das imagens despejadas nas telas de Cannes.
Na paralela oficial Un Certain Regard, mais um ano privilegiou o já decantado cinema independente americano. O mais pretensioso dos independentes americanos foi "American Perfekt", de Paul Chart, misto de "road movie" com "serial killer".
A seleção da 36ª Semana da Crítica foi melhor que a da Quinzena dos Realizadores, duas mostras marginais em Cannes. Foram da Semana as boas novas da Noruega "Junk Mail", de Pal Sletaune, e "Insônia", de Erik Skojoldbjaerg. "Junk Mail" é uma comédia de humor negro e voyeurismo centrada num carteiro que viola correspondências. O outro é um filme noir elíptico como lhes convêm. Dois exercícios de linguagem e dois estreantes promissores.
A Quinzena dos Realizadores, em ano fraquíssimo, ao menos emplacou um futuro sucesso internacional: o belga "Ma Vie en Rose", de Alain Berliner. O caso do menino de 9 anos que quer ser menina foi vendido para o mundo todo, Brasil inclusive.

Texto Anterior: Filme de Egoyan vence prêmio da crítica
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.