São Paulo, domingo, 18 de maio de 1997
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Manuel vendeu 6 milhões

ALEXANDRA OZORIO DE ALMEIDA

Com o título "Mulheres que Amam Demais", a terapeuta norte-americana Robin Norwood já vendeu seis milhões de cópias de seu livro (Siciliano, 1995, R$ 27,50).
Norwood baseou-se em seu trabalho como terapeuta e em suas próprias experiências como uma "mulher que ama demais" para escrever o livro, um verdadeiro manual de auto-ajuda para apaixonadas desesperadas.
O livro conta casos de mulheres que sofreriam dessa síndrome (Jill e os homens que não correspondiam ao seu amor; Trudi, abandonada pelo amante; Lisa e seus namorados alcoólatras...), traça características em comum entre elas (veja quadro ao lado) e termina com dicas de como formar um grupo de anônimas ou de como "se valorizar" mais.
Norwood sugere, por exemplo, que a mulher que "ama demais" faça diariamente uma autodeclaração: ela deve se olhar no espelho, durante três minutos, e dizer em voz alta "(seu nome), amo você e te aceito exatamente como você é". Ou repetir no carro, enquanto dirige: "Estou livre da dor, da raiva e do medo".
Em entrevista à Folha, por telefone de sua casa em Santa Barbara (Califórnia), Norwood, 51, diz que "amar demais é uma doença tratável mas não curável".
"Demoramos anos para mudar a forma como nos relacionamos. O importante é perceber que não resolvemos os problemas sozinhos. O caminho é o trabalho com grupos anônimos, nos moldes do Alcoólicos Anônimos", afirma.
A escritora conta que, em pelo menos três penitenciárias femininas nos EUA, foram montados grupos de ajuda para "mulheres que amam demais". "Acredito que muitas das presas estão lá exatamente por terem cometido um crime causado por excesso de amor. Ou então porque assumiram a culpa de atos praticados por homens que amavam demais. Amar demais pode não só levar a um assassinato, mas à própria morte", afirma.
Norwood conta que desistiu de seu trabalho como terapeuta. "Pessoas que amam demais têm a tendência a querer controlar outras pessoas. Parte da minha própria recuperação foi perceber que não podia mais ser terapeuta, apesar da paixão pelo meu trabalho. Não queria mais estar na posição de ter todas as respostas. Ainda tenho uma propensão a me viciar em relacionamentos, não estou curada. Apenas entendo melhor o problema", diz a escritora, que tem dois filhos e está atualmente sem namorado.

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