São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 1997
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Baionetas

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Explica-se a recaída do ministério da propaganda na Globo, com os ataques aos "baderneiros" -tanto no confronto da zona leste, quanto nas manifestações em Belo Horizonte.
FHC discursou ontem como general, depois da ação de sua vanguarda de propaganda, no Jornal Nacional, com as cenas de pedras e coquetéis Molotov -sempre fornecidas pela polícia.
Acuado, menos pelas manifestações, mais pelas revelações de corrupção no Congresso, FHC buscou uma retórica dos velhos tempos, contra toda dissidência.
Como então, a desculpa é a defesa da democracia, ainda que a ameaça seja de rompimento da mesma:
- Pedras e coquetéis Molotov são argumentos tão pouco válidos quanto baionetas. Só que menos poderosos...
- Tenho sido tolerante. Mas o limite da tolerância é a democracia.
FHC fala em democracia, mas ameaça com intolerância e com baionetas.
*
No discurso, as revelações sobre a reeleição aparecem como parte do "mesmo espírito de não-aceitação da vontade majoritária".
FHC quer "completa apuração", "a fundo", mas não a CPI. E acha as revelações, no fundo, um grande "dano à moral republicana".
Como diria Alberto Fujimori, golpista peruano.
*
- Ele está tomado de vaidade, de ambição. Torna-se extremamente perigoso... O simbolismo de um presidente eleito é poderosíssimo, e ele está nos levando a um quadro extremamente ameaçador, extremamente perigoso.
*
O impacto do discurso de FHC, com todas as ameaças, desapareceu da televisão diante do "dia de terror" no Rio Grande do Norte.

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