São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 1997
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Mello assume STF sob divergências

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Celso de Mello, 51, assumiu ontem a presidência do STF (Supremo Tribunal Federal), recebendo um duro "recado" de colegas do tribunal: pelo menos duas teses que ele defende não representariam o pensamento da maioria.
"Sabe o digno presidente que, em alguns temas, não conta com a unanimidade ou mesmo com a maioria do tribunal", afirmou o ministro Sydney Sanches, em discurso feito em nome do STF.
O principal divergência dos ministros é com a defesa que Mello tem feito do impeachment de juízes e da criação de mecanismos para controle externo do Judiciário.
O presidente Fernando Henrique Cardoso, ministros de Estado, governadores e parlamentares estiveram presentes à solenidade de posse, ontem à tarde, no plenário do STF. A cerimônia durou três horas e 15 minutos.
Sanches disse que a posição do STF sobre o controle externo do Judiciário está refletida em projeto de lei complementar enviado pelo próprio tribunal ao Congresso.
O projeto prevê a criação do Conselho Nacional de Administração da Justiça, sem participação de representantes da sociedade.
No discurso de posse, Mello defendeu, "em caráter pessoal", a necessidade de os juízes responderem por infrações político-administrativas, a partir da fiscalização das atividades do Judiciário.
Outra questão polêmica é a adoção do efeito vinculante para súmulas (decisões consolidadas proferidas pelos tribunais superiores). Pelo mecanismo, os demais juízes são obrigados a seguir as súmulas.
A proposta, prevista na reforma do Judiciário em tramitação no Congresso, foi defendida por Sepúlveda Pertence, que deixou ontem a presidência do STF.
Para Sanches, esse seria "um remédio amargo" necessário para reduzir o volume de processos.

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