São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 1997
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PIB crescerá no máximo 3%, prevê IBGE

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro deve crescer menos neste ano do que em 96 ou, no máximo, chegar a 3%, equiparando-se ao crescimento registrado no ano passado (2,97%).
A estimativa foi feita ontem pelo economista Roberto Olinto, coordenador de Estudos e Métodos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O PIB é a soma dos bens e serviços produzidos pelo país no período de um ano.
Mesmo se o PIB crescer 3%, a taxa ficará abaixo das previsões do governo feitas no início do ano, que giravam em torno de 4% a 4,5%.
Olinto baseia sua estimativa na queda de 0,56% do PIB do primeiro trimestre em relação ao PIB do último trimestre do ano passado, com ajuste sazonal, e na falta de perspectivas de mudanças na condução da atual política econômica.
Segundo ele, o crescimento do PIB neste ano pode vir a ser de apenas 1,5%. Isso ocorrerá se o atual patamar de atividade econômica não se alterar até o fim do ano.
Na hipótese, mais provável, de o segundo semestre registrar crescimento da economia, o PIB subiria algo em torno de 2% em 97.
A economia brasileira só crescerá 3% neste ano, na avaliação de Olinto, caso diminua o déficit da balança comercial (estimado entre US$ 10 bilhões e US$ 12 bilhões para 97) e haja medidas liberalizantes em relação ao crédito, como a redução dos juros.
No limite
Na avaliação do IBGE, o elevado grau de endividamento das famílias é um dos fatores que explicam a desaceleração econômica no primeiro trimestre.
"É consenso geral que o endividamento está no limite", afirmou Roberto Olinto. Isso impediria um grande aumento no consumo, sobretudo de bens duráveis.
Outro fator seria a menor taxa de crescimento da massa salarial. Na comparação com o primeiro bimestre de 96, o primeiro bimestre deste ano registrou aumento de 1% na massa salarial.
Na comparação dessazonalizada com o último trimestre de 96, só não houve queda no setor de serviços, que cresceu 0,06%. A produção industrial encolheu 1,18%, e a agropecuária, 0,82%.
"O que se observa é que a economia está desacelerada, apesar de não ter havido medidas concretas do governo com esse fim no primeiro trimestre", disse Olinto.
No início do ano, o ministro Antonio Kandir (Planejamento) chegou a falar em crescimento de 5% para o PIB neste ano.
A previsão mais conservadora dentro do governo, feita pelo presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, era de 3% a 4%.
Essa mesma estimativa foi feita pela maioria dos empresários paulistas, segundo pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Já para o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o PIB fecharia o ano com crescimento de 4% a 5%.
Comparação anual
O PIB do primeiro trimestre apresentou crescimento de 4,21% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo o IBGE, o resultado -aparentemente alto- tem como explicação o fato de que, no primeiro trimestre de 96, a economia estava ainda sob o impacto das medidas restritivas adotadas no segundo semestre de 95.
O segmento financeiro foi o único a apresentar taxa negativa (-8,25%) na comparação entre os primeiros trimestres de 97 e de 96.
O setor de serviços como um todo cresceu 2,79%, e a indústria, 5,27%. A agropecuária foi o setor que mais cresceu: 6,08%.

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