São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 1997
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Prodigy chega em dose tripla ao Brasil

CAMILO ROCHA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nada menos que dominação mundial. É o que o futuro reserva para o quarteto inglês Prodigy, que deve lançar "The Fat Of The Land", seu terceiro disco, em todo mundo (Brasil incluso) por volta de junho/julho deste ano.
Enquanto isso, a gravadora Paradoxx lança os dois primeiros álbuns do Prodigy. São eles, "The Prodigy Experience", de 92, e "Music For The Jilted Generation", de 94.
Se os alto-falantes do mundo estão sendo conquistados cada vez mais pela eletrônica, o Prodigy é o nome com mais cacife para liderar essa conquista.
O grupo foi formado em 90 por Liam Howlett (o principal cérebro musical da banda), Keith Flint (o ensandecido de cabelo "moicano ao contrário" vermelho), Maxim Reality (o rapper/agitador irado) e Leeroy (o dançarino esquelético).
O Prodigy apareceu no período de pico das raves ao ar livre britânicas. Era uma época que ainda não conhecia a fragmentação em diversos estilos nem a repressão pesada do governo e da polícia.
Mas o Prodigy nunca quis ficar preso a uma cena ou a uma época. Progressivamente, seu som foi incorporando influências de gêneros como rock e trash metal, enquanto a banda se esforçava em conquistar novos públicos.
Nos EUA eles estão prestes a estourar pra valer. Foram escalados para o próximo Lollapalooza, vão encabeçar uma extensa turnê eletrônica, a Organic Festival Tour, e o clipe de "Firestarter" sobe na rotação da MTV, enquanto o single escala a parada da Billboard.
Entre os fatores que garantem o apelo universal do Prodigy estão seu peso e barulho ("Breathe" é quase grunge), para nenhum fã de Sepultura botar defeito.
Por outro lado, a música do Prodigy nunca perde o balanço, garantido pelos seus baixos anabolizados e levadas suingadas.
A banda também arrebenta no palco. Arrebataram platéias em festivais britânicos como Glastonbury, Phoenix, Reading e Knebworth, abrindo para o Oasis.
"The Fat Of The Land" só deve consolidar a dominação. O disco terá participações de Crispian Mills, do Kula Shaker, do "auteur" trip hop Dr. Octagon e da cantora Saffron, do Republica.
Demorou, mas chegou
Pois "The Prodigy Experience" e "Music For The Jilted Generation", duas das peças musicais mais agressivas, inventivas, bombásticas e barulhentas desta década, estão saindo no Brasil.
"Experience" reúne os sucessos que primeiro fizeram a fama do Prodigy. Hinos do auge das grandes raves inglesas ao ar livre (91), balas perdidas do nervoso underground tecno inglês que rapidamente se alojavam nas primeiras posições da parada pop.
O Prodigy reuniu os fundamentos do que era conhecido por hardcore na época (batidas aceleradíssimas de hip hop, barulhos de serra elétrica) e jogou no mix reggae ("Out of Space"), acordes de videogame ("Everybody in The Place") e até miados de gato e crianças falando ("Charly"). Pesado mais instantâneo.
Já "Jilted..." revela um amadurecimento criativo no sentido de mais variação e elaboração musical e até um "conceito": a geração "raver" abandonada e incompreendida pela sociedade tradicional.
No ano em que foi lançado o disco, leis anti-rave e contra à cultura alternativa estavam sendo aprovadas pelo parlamento britânico.
A claustrofóbica "Poison" traz um ritmo lento e suingado onde duas vozes ficam se alternando dizendo "I've gota the poison" (tenho o veneno) e "I've got the remedy" (tenho o remédio), certamente uma alusão ao papel ambíguo das drogas. "No Good (Start The Dance)" é uma cavalaria desembestada de ritmos que deságua num refrão "Voodoo People" é uma paulada enriquecida por samples complexos e sons de flauta e guitarra.

Discos: "The Prodigy Experience" e "Music For The Jilted Generation"
Grupo: The Prodigy
Gravadora: Paradoxx
Preço: R$ 18, em média, cada

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