São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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FHC quer Luís Eduardo como articulador

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso convidou o ex-presidente da Câmara Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) para assumir a articulação política no papel de líder do governo no Congresso ou na Câmara, segundo informou o ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos).
O convite foi feito ontem de manhã em reunião no Palácio do Planalto, mas ainda há dúvidas sobre o melhor lugar para Luís Eduardo no governo.
Luís Eduardo -que viaja amanhã para a Alemanha em missão oficial do PFL- ficou de responder ao convite do presidente quando voltar ao Brasil, no próximo fim-de-semana.
"A palavra está com ele (Luís Eduardo). Ele vai ter que dizer se quer ser líder ou ministro", afirmou Santos.
O convite ao pefelista coincide com o desgaste do ministro Sérgio Motta (Comunicações) como articulador do governo. Motta foi citado no escândalo da compra de votos para aprovar a reeleição.
Não é a primeira vez que o presidente convida Luís Eduardo para o governo. É o deputado que vem se recusando a ser ministro.
O argumento agora é que, se aceitasse um ministério, teria que deixá-lo em menos de um ano, pois precisaria se desincompatibilizar para concorrer nas eleições de outubro do próximo ano.
O principal projeto político dele é ser governador da Bahia, um trampolim para a candidatura à Presidência em 2002.
Difícil
Segundo o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), FHC está convencido que precisa de Luís Eduardo na articulação política dentro do Congresso. "A Câmara não é uma Casa fácil", disse Inocêncio.
O atual líder do governo no Congresso é o senador José Roberto Arruda (PSDB-DF). O Senado tem garantido neste ano vitórias mais fáceis para o governo, mas elas não dependeram exclusivamente da atuação de Arruda.
Em seu discurso de quinta-feira, o presidente disse que passa a contar também com o novo ministro da Justiça, senador Iris Rezende (PMDB-GO), para esse contato político.
Já na Câmara, o cargo do líder Benito Gama (PFL-BA) vem sendo cobiçado insistentemente pelo PSDB, o partido do presidente.
A Folha apurou que a vaga de Luiz Carlos Santos no ministério não está em negociação porque isso comprometeria o apoio do PMDB ao governo.
Informal
Apesar de não ter cargo no governo, Luís Eduardo conversa pelo menos uma vez por dia, pessoalmente ou por telefone, com o presidente.
A presença formal de Luís Eduardo no governo serviria também para valorizar a participação do PFL no comando político, já que o pai de Luís Eduardo é o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
ACM é um dos maiores defensores de que Luís Eduardo assuma o comando político do governo.
Segundo Inocêncio, antes de oficializar a participação de Luís Eduardo no governo, o presidente terá que redefinir o papel de Benito Gama (PFL-BA). "O Benito tem um estilo discreto, mas ganha todas. Não acredito que ele saia sem ganhar nada", afirmou Inocêncio.
Mas desde que Luís Eduardo deixou a presidência da Câmara, o governo não tem obtido sucesso nas votações das reformas.
Como presidente da Câmara, Luís Eduardo conduziu algumas das mais importantes votações de interesse do governo no Congresso, como o fim do monopólio estatal na exploração do petróleo e das telecomunicações.

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