São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Câmara de SP quer demissão de Konder

LUIZ ANTÔNIO RYFF

LUIZ ANTÔNIO RYFF; ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto de lei que obriga os espetáculos musicais com artistas estrangeiros a terem um show de abertura com artistas nacionais quando realizados na cidade de São Paulo desafinou as relações entre o executivo e o legislativo municipais.
O projeto foi aprovado pela Câmara de São Paulo, mas o prefeito Celso Pitta (PPB) pretende vetá-lo.
A Folha apurou que o presidente da Câmara Municipal, Nello Rodolpho (PPB), o líder do governo na Câmara, Hanna Garib (PPB) e o autor do projeto, Alberto "Turco Loco" Hiar (PSDB), foram pedir ao prefeito Celso Pitta a demissão do secretário de Cultura, Rodolfo Konder.
Isso porque Konder havia criticado na Folha de ontem o projeto, tachando-o de "coisa idiota", "bolorento" e "autoritário". Ele ainda afirmou que o projeto atende aos interesses do próprio autor, que seria empresário de algumas bandas. Segundo Konder, o vereador também teria apresentado projetos superfaturados à secretaria.
Por conta dessas declarações, Turco Loco pretende interpelar judicialmente o secretário. "Quero que ele prove que eu apresentei qualquer projeto à secretaria ou que eu empresario bandas de rock", diz.
Os vereadores saíram em defesa do colega. Garib pretende apresentar uma moção de repúdio ao secretário para ser votada pelos vereadores.
Em nota oficial, Nello Rodolpho afirma que "os ataques à iniciativa do vereador Alberto 'Turco Loco' Hiar atingem toda a instituição, já que, por acordo de lideranças, a proposta foi aprovada por unanimidade na Câmara."
"Não critiquei a Câmara"
Ontem, Konder reafirmou suas declarações à Folha. Mas ressalva que não pretendeu atacar a Câmara Municipal, diz ter apenas criticado um projeto, considerado por ele inexequível. "Não critiquei a Câmara. Tenho respeito por ela."
Pitta não comentou as críticas de Konder sobre eventuais interesses de Loco no projeto.
"É uma avaliação pessoal do secretário Konder na qual não me envolvo. Discuto porque não simpatizo com a idéia de ser obrigatória a abertura de um grupo ou orquestra nacional em um concerto estrangeiro. Isso desrespeita a classe musical nacional", disse ele, que, anteontem afirmara que existem formas melhores de prestigiar a música brasileira.
"Ele tem o direito de vetar. Mas vamos cobrar do prefeito essas outras formas de incentivo", diz Turco Loco.

Colaborou Rogério Gentile, da Reportagem Local.

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