São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo investiga alta do preço do aço

Reajuste fica acima da inflação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA SUCURSAL DO RIO; DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Gesner Oliveira, pediu à SDE (Secretaria de Direito Econômico) e à Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico) a abertura de investigação sobre o reajuste dos preços do aço.
O governo suspeita que as principais empresas siderúrgicas combinaram a fixação do aumento médio de 8,4% dos preços.
Na quinta-feira, Usiminas, CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista) anunciaram aumento de preços superior à inflação acumulada dos últimos 12 meses -7,91% pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor).
Esse reajuste pode representar uma cartelização -acordo entre os produtores para combinar preços. Se as secretarias comprovarem esse acordo, o Cade pode acionar as siderúrgicas por infração à lei 8.884.
Multas
As multas que podem ser aplicadas pelo Cade são de até R$ 6 milhões, ou de 1% a 30% do faturamento das empresas.
A Folha apurou que a Seae, do Ministério da Fazenda, está investigando o setor desde setembro do ano passado. É que a secretaria recebeu denúncias de combinação de preços das indústrias e começou a acompanhar o comportamento das siderúrgicas.
A direção da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) negou que tenha feito acordo com as siderúrgicas Usiminas e Cosipa para um reajuste combinado de 8,4%, o que caracterizaria formação de cartel.
O diretor-superintendente do setor Aço da CSN, José Carlos Martins, disse que a companhia decidiu reajustar seus preços entre 8,3% e 12%, a partir de julho, para cobrir custos e obter recursos para investir.
"Repudiamos veementemente a suspeita de cartel, que não tem a menor procedência", afirmou. Segundo ele, a CSN comunicou em abril a seus clientes a intenção de aumentar os preços.
A siderúrgica Usiminas informou ontem que o reajuste de 8,43% ocorreu em função do aumento dos custos de produção.
Segundo o gerente de Vendas para o Mercado Interno da Usiminas, Idalino Ferreira, nos últimos 12 meses os custos com minério de ferro, carvão, energia elétrica, transporte e mão-de-obra aumentaram 12%, em média.
Ferreira disse que o fato de a CSN também ter reajustado os preços dos seus produtos não significa cartelização. "Cada empresa analisa o seu caso. Foi o que aconteceu com a Usiminas, não pudemos segurar esses 8,43%", afirmou.

Colaboraram a Sucursal do Rio e a Agência Folha, em Belo Horizonte

Texto Anterior: País faz 'road show' para vender bônus
Próximo Texto: Bolsa de NY sobe 1,2% com novo recorde
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.