São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Loucura do ouro domina aventura

BIA ABRAMO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Piratas ainda hoje têm um lugar privilegiado no imaginário. Os cavalheiros da fortuna, como eufemisticamente eram intitulados, de Robert Louis Stevenson são de dar pesadelo em qualquer um: têm perna de pau, olho de vidro, cara de mau e embriagam-se sistematicamente com rum. "A Ilha do Tesouro" conta a história de um mundo dominado pela loucura do ouro. Jim Hawkins, um pacato jovem estalajadeiro, hospeda um velho marinheiro, que tem o mapa do tesouro do capitão Flint.
O mapa acaba nas mãos de Hawkins, que parte em busca da riqueza. O que ele desconhece é que, entre a tripulação do navio que segue para a ilha, há mais gente sabendo do tesouro.
O romance mais famoso de Stevenson tem tudo o que uma aventura no mar deve ter: motim, revolta, traição, luta, heroísmo e uma boa dúzia de mortes. Uma leitura de entrelinha, entretanto, revela a face ambiciosa dos homens do século 18. Em nenhum momento o autor duvida do direito do aristocrata e de seus associados burgueses à fortuna, produto do saque de navios mercantes.
Já aos piratas, sem o aval da legalidade, merecem a forca. Perdão, só por meio da conciliação com o Estado. Dos volumes lançados, "A Ilha..." é o único em que a qualidade dos comentários não corresponde à das imagens.
(BA)

Texto Anterior: Kipling ensina tolerância da selva
Próximo Texto: London torna doméstico selvagem
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.