São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997 |
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Militar brasileiro levou três tiros no rosto
RUI NOGUEIRA
Com a morte do brasileiro, chega a 30 o números de soldados mortos na Missão de Paz da ONU em Angola. A missão começou em fevereiro de 95 e reuniu uma força com 7.600 homens de 11 países. O corpo de Aladarque chegou na terça ao Rio em um caixão de zinco. Segundo disse anteontem um tio do fuzileiro, Jorge Cândido dos Santos, o corpo não foi mostrado porque os familiares "não iriam aguentar ver o rosto". Embora as notas oficiais dos ministérios militares e do Itamaraty tenham dito sempre que ele fora atingido por três tiros, extra-oficialmente a informação dada à imprensa era que os tiros teriam atingido o peito do fuzileiro. Aladarque e o cabo do Exército Samuel Correia Sobrinho, 22, que ficou ferido, faziam parte de uma patrulha e estavam no primeiro caminhão de um comboio que transportava civis e alimentos. Sobrinho era o motorista do caminhão. Foram atacados entre os municípios de Pedro Alemão e Vila Nova, na Província de Huambo (centro-sul). A Folha apurou que os tiros partiram de fuzis sofisticados -as balas penetraram no rosto do fuzileiro a uma velocidade supersônica. Segundo comunicado da ONU, divulgado ontem em Luanda, um dos bandoleiros envolvidos na emboscada era um ex-soldado das Forças Armadas governamentais. Apesar de a guerra civil, que durou quase 20 anos, ter sido interrompida com a assinatura de um acordo de paz em novembro de 94, o país sofre com os ataques de bandoleiros que assaltam preferencialmente locais em que há alimentos estocados. O país está desabastecido, e os alimentos roubados são vendidos na candonga (mercado negro) por preços até 20 vezes mais caros. Esses grupos são formados por ex-guerrilheiros da Unita que se recusaram a depor as armas, e por ex-soldados do Exército dispensados após o fim da guerra, mas que também não entregaram as armas. Salvo pelo colete A Folha apurou que o cabo Sobrinho, ferido na altura do cóccix, também foi atingido por dois tiros no peito. Foi salvo pelo colete à prova de balas. Aladarque também usava colete. Ontem, em entrevista a um programa de rádio das Forças Armadas, o capitão-médico do Exército Luiz Antônio de Azevedo Accioly, que operou Sobrinho, disse que ele foi atingido apenas pelos estilhaços de um terceiro tiro. Texto Anterior: Regime proíbe as minissaias Próximo Texto: Ferido reforça tese de vingança Índice |
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