São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997 |
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Cerco a cartão deve economizar US$ 600 milhões
VIVALDO DE SOUSA
Antes da medida, adotada na última quinta-feira, o governo estimava que os gastos em viagens internacionais ficassem em US$ 5 bilhões. Agora, a previsão é que não superem as despesas realizadas no ano passado (US$ 4,4 bilhões). As despesas com cartão de crédito representam 60% dos gastos do item viagens internacionais da conta de serviços, que faz parte das transações correntes. Tais despesas ficaram em aproximadamente US$ 2,64 bilhões em 96. No ano passado, o item viagens internacionais registrou um déficit de US$ 3,59 bilhões. Os gastos feitos por brasileiros no exterior foram de US$ 4,4 bilhões, enquanto as despesas dos estrangeiros no Brasil somaram US$ 841 milhões. O déficit no item viagens internacionais vem aumentando desde 1990, quando foi de US$ 121 milhões. Foi quando o governo Collor iniciou a abertura econômica. Em 1991, quando o Banco Central autorizou os brasileiros a usarem cartão de crédito internacional emitido no país, o déficit passou para US$ 211 milhões. Ou seja, o déficit aumentou quase 30 vezes de 1990 a 1996. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse que o aumento dos gastos em viagens internacionais não foi extraordinário. Segundo ele, foi um reflexo do aumento da renda e da queda da inflação. Comércio A piora na conta de serviços não-financeiros é um reflexo também do movimento de comércio. É o que explica, por exemplo, o aumento de 107,66% nas despesas com transportes de 1990 a 1996. Os dados do BC mostram que as despesas com transporte -reflexo do aumento das importações- passaram de US$ 2,99 bilhões em 1990 para US$ 6,21 bilhões em 1996. De janeiro a abril deste ano, os gastos foram de US$ 1,68 bilhão. Embora seja menos comentada que a balança comercial, a conta de serviços do balanço de pagamentos representa a maior parte do déficit em transações correntes e também cresceu a partir do Real. Além das viagens internacionais, contribuem para isso os pagamentos de juros da dívida externa e a remessa de lucros ao exterior. Em 94, o governo renegociou sua dívida e normalizou os pagamentos de juros. Além disso, o setor privado passou a buscar mais financiamentos no exterior devido à alta das taxas domésticas. Como consequência, os pagamentos líquidos de juros, de US$ 8,4 bilhões em 94, devem chegar a US$ 12 bilhões neste ano. A remessa de lucros começou a crescer neste ano, como resultado do aumento dos investimentos externos na produção. Chegou a US$ 1,784 bilhão no primeiro quadrimestre, contra US$ 436 milhões no mesmo período de 96. (VS) Texto Anterior: Taxas de juros dos EUA viram referência Próximo Texto: Defasagem cambial é de 6,4%, diz CNI Índice |
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