São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997
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Ator narra tira-teima de Super-Homens

DEAN CAIN
ESPECIAL PARA A FOLHA

Eu não sou o Super-Homem. Apenas o interpreto na TV.
Michael Jordan também não é o Super-Homem. Mas, quando pisa numa quadra de basquete, ele é a criatura deste planeta mais parecida com o homem de aço.
Por isso, posso dizer com orgulho que meu momento mais memorável com uma bola aconteceu diante de sua majestade.
Michael Jordan estava em Los Angeles, filmando "Space Jam" (longa-metragem que deve chegar às locadoras brasileiras nas próximas semanas).
No estacionamento dos estúdios da Warner Brothers, que produz minha série de TV e que levou a cabo o filme com Jordan, fora erguida uma bolha gigante, com uma quadra de basquete dentro.
Rapidamente a construção ganhou o apelido de Jordan Dome.
Toda noite havia jogos maravilhosos. Jordan estava sempre por lá, para não perder a forma na pré-temporada. Também apareciam Magic Johnson, Juwan Howard, Patrick Ewing e Reggie Miller, entre outros astros.
Sempre fui fã da NBA -gosto até mesmo de frequentar os ginásios com meu pai.
Imagine então minha alegria quando a turma me convidou para participar de algumas das peladas mais espetaculares da história.
Bem, eu joguei futebol americano na NFL (liga profissional norte-americana), no time do Buffalo Bills. Só me afastei do esporte devido a uma contusão no joelho.
Mas, dentro do Jordan Dome, apenas tentava não atrapalhar. Me preocupava em sair do caminho dos superastros antes que eles enterrassem sobre minha cabeça.
Menos em uma noite.
Colocaram-me num time com alguns universitários da Universidade da Califórnia. Na equipe adversária jogava Jordan.
Para minha surpresa, estávamos ganhando até o finalzinho. Até que Jordan resolveu tomar conta da situação e igualou o placar em contra-ataques velocíssimos.
O time que fizesse então a cesta seguinte seria o vencedor.
Pronto: o palco já estava montado para a grande final.
Que garoto nunca sonhou em superar Jordan no basquete? Que adulto nunca teve essa fantasia?
Com o jogo por um fio, a tensão em quadra aumentou, e Jordan começou a xingar, provocar nossa equipe. Ele não gosta de perder.
A bola estava com nosso time. Saí de um corta-luz perto do garrafão rival, pouco além da linha dos três pontos. Pensei, quietinho, absorto, com a cabeça longe do jogo: "Ah, aqui é o lugar de onde chuto melhor". Mas, antes mesmo de completar o pensamento, para meu total espanto, alguém me passou a bola. Arremessei.
O tempo congelou. A bola subia, e eu só ficava pensando. "Se eu acertar, Jordan vai perder."
Pode não ter sido um perfeito chuá, mas a bola entrou na cesta sem bater no aro. Silêncio. Num passe de mágica, a festa. Ganhamos! GANHAMOS!
Derrotado, o time de Jordan tinha que sair, dar a vez.
Ao deixar a quadra, Jordan me sorriu e disse: "Todo cãozinho tem seu dia". Aquele era o meu.
Ok, dia de sorte. Como já disse, faço o Super-Homem só na TV. No esporte, esse papel cabe a Michael Jordan. Aliás, estou pensando até em entregar o uniforme para ele.

Copyright 1997 NBA Properties

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