São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997
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Grupos organizados incitaram ódio a Rabin

Le Monde
de Paris

PATRICE CLAUDE
EM JERUSALÉM

Yigal Amir disparou sozinho as duas balas que mataram Yitzhak Rabin em 4 de novembro de 1995.
Mas segundo o produtor do filme "O Caminho que Levou à Praça Rabin", a pesquisa feita por Michael Karpin demonstra claramente que "o assassinato do premiê foi resultado de uma ação premeditada, promovida por um conjunto organizado de setores".
O filme revela como a direita no Parlamento e a extrema direita israelense se uniram no outono de 1995 para promover uma campanha de incitamento ao assassinato, uma iniciativa sem precedentes na história de Israel.
"Morte a Rabin! Rabin, traidor!" Nos meses que antecederam o assassinato, milhares de manifestantes saíram às ruas quase todos os dias para gritar seu ódio a plenos pulmões e queimar imagens do primeiro-ministro.
Milhares de folhetos, bandeirinhas e cartazes insultando aquele que ousou apertar a mão do "nazista Arafat" foram impressos e espalhados pelo país. Apresentavam Rabin com a cabeça coberta pela "keffiyah" árabe, como alvo de tiro ou com farda nazista.
"Num país como Israel", explica diante da câmera o professor Robert Lipton, especialista norte-americano em ditaduras, "era o equivalente a lançar um apelo ao assassinato". Apelo que acabou sendo atendido.
Era impossível não perceber que a revolta extremista era organizada. O que não se sabia era até que ponto era organizada, e é sobre esse ponto que a pesquisa de Michael Karpin vem lançar luz.
Dois "diretórios" e um comitê de interligação foram criados, financiados por ricos extremistas norte-americanos que, mais tarde, também apoiaram a campanha vitoriosa de Binyamin Netanyahu.
O primeiro, o "diretório político", reunia deputados do Likud, liderados por Netanyahu. Era dirigido por Tsahi Hanegbi, o atual ministro da Justiça.
O segundo grupo, conhecido como "comitê de ação", era composto de colonos fanáticos, adeptos das teses antiárabes do rabino Menahem Kahani. Eram eles que organizavam a agitação. Seis meses depois do assassinato, fizeram campanha para Netanyahu.
O "diretório" não existe mais. Está no poder, promovendo, a grosso modo, a política que o "comitê de ação" espera dele.

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