São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997
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Bom de briga

LAVÍNIA FÁVERO

Vitor Belfort nunca perdeu uma luta, é campeão mundial de "vale-tudo" e quer lutar boxe pelo Brasil
"Pode começar escrevendo aí que serei campeão olímpico no ano 2000." A frase não é de Alexander Popov, o maior nadador do mundo, nem do supercampeão de salto com vara Sergei Bubka, mas de Vitor Belfort, 20 anos, carioca, 1,84 m, 100 kg e um "soco que é uma batida de carro".
Belfort luta jiu-jitsu desde os oito anos. É campeão mundial do Ultimate Fighting na categoria peso-pesado, o famoso "vale-tudo", ganhou seu primeiro título aos dez anos, virou profissional aos 18 e nunca perdeu uma luta oficial. Nas Olimpíadas, vai lutar boxe.
No Brasil e nos EUA, onde mora há quase três anos, ele é apontado como o novo Rickson Gracie, o lutador brasileiro de jiu-jitsu conhecido no mundo todo.
Belfort discorda: "Não sou seguidor de ninguém, o Rickson Gracie é um ótimo lutador, mas nunca foi campeão mundial aos 19 anos, como eu fui".
As negociações para Belfort fazer parte do Comitê Olímpico brasileiro de 2000 já começaram, mas ele não está preocupado. "Vai ser fácil passar nas eliminatórias para as olimpíadas. Posso ser amador em boxe, mas sou profissional em luta. Tenho experiência de porrada", diz.
Ele diz nem ter noção exata de sua força, só sabe que sua "porrada já derrubou muita gente".
Belfort tem uma academia em Los Angeles, junto com Carlson Gracie, onde treina todos os dias, de seis a oito horas. Aliás, treinar é tudo o que ele gosta de fazer. "Até quando estou descansando, estou treinando, porque o descanso faz parte do treino", diz.
Entre os treinos de boxe, ele pratica ainda natação, musculação e corrida. "Quando terminei o segundo grau, parei de fazer tudo. Quero só me dedicar aos treinos. Estudo hoje artes marciais."
Marinara
O lutador chegou aos EUA em 1994 levado por seu então empresário, que, segundo Belfort, aproveitou-se do fato de ele não falar inglês para "passá-lo para trás". Mesmo assim, ele continuou morando em Los Angeles, colocou sua mãe no papel de empresária e, há um ano, conseguiu montar sua academia.
Agora, ele está atrás de patrocínios. "Posso dizer que ganho bem com as lutas, mas é preciso que se valorize o atleta brasileiro", diz.
Belfort sente saudades do Brasil, do calor humanos dos amigos e, principalmente da namorada Marinara Costa, que conheceu em sua última viagem ao país, há um mês e meio. Mas, sobre isso, ele não gosta de falar.
Hoje, o lutador diz ter certeza de que está no lugar certo. "É uma pena, mas os brasileiros não dão valor ao esporte. Nos EUA, o esportista é mais reconhecido, tem mais apoio. É aqui que as coisas acontecem", diz.

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