São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 1997
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Estudo mostra fragilidade da base de FHC

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mapa do governo federal que radiografa a fidelidade da base parlamentar aliada deu ao presidente Fernando Henrique Cardoso a certeza de não ter como aprovar as reformas mais polêmicas sem enfrentar o fisiologismo.
O levantamento abrangeu os 405 deputados da base do governo e apontou 300 aliados, 59 indefinidos e 46 oposicionistas de PFL, PMDB, PSDB, PPB, PTB, PL, PSD e PSL. São precisos 308 votos para aprovar emendas constitucionais.
O pior é que, entre os cinco principais partidos da base (PFL, PMDB, PSDB, PPB e PTB), o governo classifica apenas 131 parlamentares como nota 10, deputados que votam com o governo "de olhos fechados".
O PMDB é o partido mais infiel tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo. Dos 98 deputados do partido, só 64 são considerados aliados. Destes, apenas 22 são classificados como "governistas nota 10".
Com base nessa análise, que também está com o presidente da Câmara, Michel Temer, o governo vai definir se tem votos para aprovar os pontos polêmicos da reforma administrativa. O mapa indica os deputados que podem ser conquistados e aqueles nos quais o governo não pode confiar.
O PFL e o PSDB são os mais fiéis. Dos 103 pefelistas, 85 são aliados, sendo 41 "governistas nota 10". Entre os 95 tucanos, 76 são aliados, sendo 39 "governistas nota 10". O PPB de Paulo Maluf é um partido híbrido. Tem 46 aliados (18 notas 10), 18 oposicionistas e 13 indefinidos. O PTB é mais coeso, com 21 aliados em uma bancada de 23 deputados (11 notas 10).
Nota 0
O PMDB tem também dois deputados que tiveram nota 0: Colbert Martins (BA) e Sílvio Pessoa (PE). Eles participaram de apenas duas votações e votaram sempre contra o governo.
Luiz Máximo (PSDB-SP) participou de duas votações e optou pela abstenção. Recebeu 0. Osmar Leitão (PPB-RJ) disse "não" ao governo três vezes. Também levou 0.
Entre os dissidentes do PMDB também são destaques o presidente do partido, Paes de Andrade (CE), com nota 2,7, e o deputado José Pinotti (SP), com nota 0,9.
No PFL, mesmo os dissidentes são menos radicais. O maior oposicionista, Jair Soares (RS), teve nota 1,8. Wilson Cunha (SE) ficou com 3,6. No PPB, Moacyr Andrade (AL) ficou com 0,9.
A nota do ex-presidente da Câmara Luís Eduardo (BA) parece inadequada: 1,8. Ocorre que, como presidente da Câmara, ele era obrigado a optar pela abstenção. Votou "sim" apenas duas vezes, depois de deixar o cargo.
Pelo mesmo motivo, Temer é considerado "indefinido", embora tenha obtido nota 8,1. Como presidente, ele também precisa se abster na votação. O governo não pode contar com o seu voto.
Critérios
O levantamento em análise no Planalto está subdividido em duas partes. A primeira, considerada mais importante, é feita com base em 11 votações das reformas administrativa e da Previdência.
A segunda parte leva em conta 39 votações de emendas constitucionais, incluindo Destaques para Votação em Separado e emendas aglutinativas -nessas 39 votações foram incluídas as 11 das reformas administrativa e previdenciária.
Essas 11 votações, de tão polêmicas, foram usadas no levantamento como uma espécie de tira-teima em confronto com outras votações menos polêmicas.
Os critérios de avaliação dos deputados são quantitativos e qualitativos. Um parlamentar que obteve nota alta pode ser classificado como "indefinido", desde que tenha votado contra o governo em matérias mais importantes.
Carlos Magno (PFL-SE), por exemplo, obteve nota 8,1. Mas votou contra o governo nas duas votações mais importantes. É considerado oposicionista. Já Pedro Irujo (PMDB-BA), com nota 4,5, é considerado aliado porque apoiou o governo nessas duas votações (administrativa e previdenciária).

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