São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 1997
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PMs atiraram no conflito, diz laudo

CRISPIM ALVES

CRISPIM ALVES; MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

IC encontra pólvora em telhas

O IC (Instituto de Criminalística) da Polícia Civil de São Paulo já encontrou as primeiras provas de que os policiais militares que entraram em confronto com sem-teto durante a reintegração de posse de um conjunto habitacional na Fazenda da Juta, em São Mateus (zona leste de SP), atiraram. Três pessoas morreram no conflito.
Conforme a Folha apurou, análises químicas efetuadas em pedaços das telhas que os PMs usaram para se proteger detectaram vestígios de pólvora. A substância se espalha próximo do revólver quando são dados tiros.
Os exames do microscópio eletrônico devem terminar até amanhã. O IC, agora, vai determinar se os tiros foram disparados na direção dos sem-teto. Se for necessário, os peritos do IC irão realizar um busca nos prédios do conjunto habitacional, para procurar fragmentos de balas nas paredes.
Na última sexta-feira, os peritos iniciaram os exames das 98 armas apreendidas (97 dos PMs e 1 supostamente encontrada num apartamento) e das balas encontradas nos corpos das vítimas. Não há previsão para o término das análises.
O IC irá fazer também uma reconstituição da ação da PM por meio de computação gráfica. A equipe que fará o trabalho deverá ser a mesma que atuou no caso de Diadema (PMs flagrados torturando e matando na favela Naval).
Testemunha
Um dos sem-teto que estava no local no dia do conflito afirma que viu o PM que atirou em Jurandir da Silva, um dos mortos, e que pode identificá-lo. O sem-teto, que se identifica apenas como Jorge, diz que o PM era negro, com aproximadamente 1,70 m, tinha bigode ralo e não usava identificação no uniforme. Jorge só não se apresentou à polícia para depor porque quer proteção. "Vou reconhecer o PM assim que tiver segurança".
Ontem, os sem-teto que ocupavam o conjunto habitacional antes do conflito foram de novo ao local para serem cadastrados pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).
O órgão vai incluir os desalojados nos próximos projetos habitacionais do governo do Estado.

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