São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 1997
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Viva o mix de tecno e rock!

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

E o assunto da hora continua sendo a suposta morte do rock and roll, perpetrada pelo faça-você-mesmo da onda tecno.
Embora essa discussão já esteja ficando manjada, talvez valha dar um aviso aos fãs de tecno mais radicais.
As bandas de "electronica" (nome genérico que estão usando nos EUA às novas formas de dance music) que conseguiram espaço na arena roqueira são justamente as menos "ortodoxas" -ou seja, aquelas que mantêm algum vínculo com a estética rock.
Chemical Brothers, Prodigy, Underworld, Moby. Não se pode dizer que nenhum deles, os reis atuais da electronica, faça realmente uma nova música pop. Não rock, mas tem a ver.
Declaração de Karl Hyde, do Underworld, para a revista californiana "Ray Gun": "Para mim, os Chemical Brothers são uma banda de rock. E, de repente, eles se transformaram na face aceitável da dance music. Legal!"
Então está explicado.
Quer dizer: por enquanto, continuam coisa de fanáticos trance, drum & bass, ambient e todos aqueles gêneros de dance que parecem se multiplicar infinitamente.
*
E quando a gente acha que já tinha visto tudo, aparece na nossa frente o seguinte manifesto: "Não se atreva a fazer uma crítica deste álbum se for menosprezar nossa ideologia e classificá-la de ingênua, uma vez que nós reconhecemos que a ideologia inconsciente da psicologia insípida está minando os significados por meio de propaganda invisível para seu pai e benfeitor, o capitalismo avançado".
Pode ler 200 vezes as linhas acima, que você não vai entender nada. Trata-se de um fragmento do discurso que vem no encarte do CD "Sound Verité", da banda americana Make Up.
O som deles é tão caótico quanto as idéias e até mereceu um Play esta semana.
*
Mais uma na praia das esquisitices. A garotada do mundo todo (brasileiros incluídos) anda ligada no som do Tool. Pois bem: o baixista dessa banda, Paul D'Amour, gravou um disco solo. Quem produziu foi o Brad Laner, que era do Medicine e agora está no Amnesia.
Veja como Laner descreve o projeto solo de D'Amour: "O som é mais ou menos parecido com Queen. Não tem nada a ver com meu gosto. Mas temos de dar um crédito para o D'Amour. Ele gravou o tipo de épico de rock progressivo que ninguém quer escutar".
A pergunta que não quer calar: por que alguém produz um disco que execra tanto?
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Começam a aparecer na imprensa inglesa fotos da volta do Echo and Bunnymen. Tem disso pintando em breve. Não vai mudar o mundo, mas pode fazer voltar o tempo.

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