São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 1997
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Acusações são "asneiras", diz petista

DA FOLHA RIBEIRÃO

O presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, confirmou ontem ter recebido uma carta de Paulo de Tarso Venceslau na qual são apontadas supostas irregularidades cometidas por prefeitura petista e a Cpem (Consultoria para Empresas e Municípios).
"Confesso que não dei nenhuma importância à carta de Paulo de Tarso, que fala um monte de asneiras, e não achei necessário perder tempo com isso", afirmou Lula, após um encontro político em Sales Oliveira (360 km de SP), na região de Ribeirão Preto.
Lula suspendeu a caravana petista que percorria cidades da região de Ribeirão depois de ser convocado pela Executiva Nacional do PT.
A princípio, ele se recusou a comentar as acusações de Venceslau, a quem diz conhecer pouco.
"Eu nunca tive grande relacionamento com Venceslau. Foram poucas as vezes que tive convívio político com ele."
Segundo Lula, Venceslau faz "ilações" ao acusar o PT de se beneficiar de contratos firmados por prefeituras petistas com a empresa de consultoria.
"Não posso fazer o bate-boca que ele pretende que seja feito. Se você analisar o que ele falou, não sai uma única acusação, mas de 10 a 15 ilações de dúvidas sobre o PT", afirmou.
Roberto Teixeira
Lula demonstrou irritação ao ser questionado se sabia das supostas ligações entre seu amigo Roberto Teixeira e a Cpem.
"Eu não sou casado em comunhão de bens com o Roberto Teixeira. Sou compadre dele, que é um advogado muito bem-sucedido. Não acompanho a vida dele diariamente porque tenho mulher e filhos e ainda o partido", disse.
Segundo ele, Venceslau está "desequilibrado".
Após a resposta sobre Teixeira, seus assessores resolveram encerrar a entrevista, impedindo que respondesse novas questões sobre seu relacionamento com o advogado.
Ante disso, Lula se disse convencido de que as acusações foram orquestradas pelo governo federal para encobrir o escândalo da compra de votos de deputados que ajudaram a aprovar a emenda da reeleição.
"Com as ilações do Paulo de Tarso, a imprensa deixa de lado a compra de votos e coloca isso como ponta-de-lança", afirmou Lula.
Para ele, as denúncias fazem "parte da política do governo".
O petista ainda fez referências às acusações contra Paulo Maluf na CPI dos Precatórios e ao ministro Sérgio Motta a respeito da compra de votos.
"Ao contrário do Sérgio Motta, que correu para Portugal, e ao contrário do Maluf, que está desaparecido na Europa, eu estou suspendendo uma caravana e voltando a São Paulo para falar com a imprensa."

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