São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 1997
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Adolescente era revoltada, diz mãe adotiva

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DE NOVA YORK

Desde sexta-feira, quando o corpo de Michael McMorrow foi achado boiando no lago do Central Park, no coração de Nova York, com mais de 50 facadas, a vida de Catherine Abdela mudou.
Mãe adotiva de Daphne, a adolescente de 15 anos acusada de participar do assassinato do corretor imobiliário, Catherine procura descobrir onde foi que errou.
O crime de que sua filha é acusada juntamente com o namorado dela, Christopher Vasquez (também de 15 anos), chocou os EUA.
"A sensação é de impotência. Sabe quando se tenta de tudo, tudo, tudo e nada dá certo? É isso o que sinto", disse à Folha, na entrada do luxuoso edifício Majestic, na rua 72 com Central Park, em que mora em Nova York.
*
Folha - Para uma mãe, o fato de ver uma filha de 15 anos envolvida num episódio assim deve ser muito difícil. Agora, diferentes versões começam a aparecer sobre o comportamento da garota. Ela era muito difícil?
Catherine Abdela - Era arredia, não era fácil para nós conversarmos com ela.
Folha - As dificuldades começaram na adolescência?
Abdela - Quando ela tinha uns 12 anos. Tentamos fazer o que era certo, ela sabia que era adotada, nós não íamos mentir. Quis conhecer os pais verdadeiros, tentamos ajudá-la, mas não deu certo.
O início da adolescência foi mais tenso do que o normal, talvez problemas de identidade, a adoção...
Sei que há crianças adotadas que não sofrem, que não se revoltam, mas ela se revoltou, conheceu más companhias, rapazes um pouco mais velhos, que a levaram a experimentar coisas...
Folha - Artigos na imprensa norte-americana dizem que a senhora e seu marido davam tudo o que sua filha queria. É verdade?
Abdela - Não é verdade. Ela tinha liberdade, mas não em excesso. Tentamos um meio termo, liberdade com responsabilidade.
Quando ela começou a se envolver com gente errada, nós a mudamos de colégio, fizemos o possível e o impossível para ajudá-la.
Os jornais não falam, mas fomos nós que chamamos a polícia pouco depois da meia-noite, porque nossa filha não chegava em casa. Se ela estivesse sempre fora até tarde, nós teríamos nos preocupado?
A sensação é de impotência, não sei onde errei, mas acho que a imprensa também erra ao condenar de imediato, sem base para julgar.

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