São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 1997
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PT se omite em investigações

HÉLCIO COSTA
EDITOR DA FOLHA VALE

As direções nacionais e estaduais do PT prometem desde 1994 investigações sobre as denúncias feitas pelo ex-secretário das Finanças de São José dos Campos e Campinas Paulo de Tarso Venceslau.
Em reportagens publicadas pela Folha Vale, Folha Ribeirão e Folha Nordeste (cadernos regionais que circulam no interior de São Paulo), de agosto de 1994 até hoje, dirigentes do PT foram questionados várias vezes sobre irregularidades e prometeram providências.
Sobre as denúncias a respeito da Cpem em São José dos Campos, Luiz Inácio Lula da Silva disse ter sabido do caso em 93, por meio de carta de Paulo de Tarso Venceslau.
"Quando era presidente do partido, nunca levei a sério a carta, e, se fosse presidente do partido hoje, o caso não seria apurado", disse Lula ontem, em São Paulo.
Essa posição contraria a orientação do atual presidente nacional do PT, José Dirceu, que designou na última terça uma comissão especial para apurar as denúncias.
No dia 4 de maio de 95, Lula, então presidente nacional do PT, disse, por meio de sua assessoria, que o caso estava sendo analisado pela Executiva Nacional do partido.
A investigação envolveria o governo da então prefeita Angela Guadagnin (PT). A apuração não chegou ao fim, segundo nota oficial do ex-secretário-geral do PT nacional Gilberto Carvalho -que assumiu a responsabilidade pela paralisação do processo interno.
A falta de apuração por parte do PT foi repetida em duas outras denúncias de mau uso do dinheiro público na administração do PT em São José dos Campos.
Os casos são uma denúncia de concorrência dirigida para a vitória da empresa Machado & Daniel, de propriedade na época de dois ex-prefeitos do PT, e a contratação de uma agência ligada ao partido para gerir os contratos de publicidade oficial durante dois anos.
A denúncia sobre favorecimento da Machado & Daniel foi feita pelo ex-diretor de compras da prefeitura Arthur Alves Marques, militante do PT, em investigação da Câmara de São José dos Campos.
O então presidente estadual do PT, Arlindo Chinaglia, disse ontem que os casos foram apurados pelo partido à época. "Mas não me lembro o que aconteceu."
O secretário estadual do PT, Francisco Campos, afirmou ontem que a Executiva não constituiu uma comissão formal para investigar os dois casos.

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