São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gravidez mata uma mulher por minuto

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A cada minuto, uma mulher morre em algum lugar do mundo devido a causas relacionadas com a gravidez, segundo relatório publicado ontem pela ONU.
O Fundo de População das Nações Unidas (FPNU) diz que a soma da falta de cuidados específicos com a saúde reprodutiva, a grande discriminação e a violência contra as mulheres equivale a uma violação maciça dos direitos humanos.
Milhões de mortes por ano resultam da privação dos direitos reprodutivos e sexuais, entre eles a livre escolha em relação à gravidez e ao parto, diz o relatório deste ano do FPNU sobre o estado da população mundial.
O documento afirma que, numa conferência internacional realizada em 1994, 180 nações concordaram que todos os seres humanos devem ter acesso à informação e a serviços de alta qualidade de saúde reprodutiva até o ano 2015.
"A comunidade internacional várias vezes concluiu que a saúde reprodutiva é um direito de mulheres e homens," diz Nafis Sadiq, diretor-executivo do FPNU. "O desafio agora é fazer desse direito uma realidade para cada indivíduo."
O custo global de fornecer melhores cuidados de saúde reprodutiva foi estimado em US$ 17 bilhões por ano -menos do que o mundo gasta por semana em armas.
Muitos governos aumentaram os gastos com saúde reprodutiva, mas no total as despesas anuais ainda estão muito abaixo da metade da marca considerada ideal.
O efeito de negar às pessoas seus direitos relativos à gravidez e parto é que 585 mil mulheres -mais de uma a cada minuto- morrem por ano de causas relacionadas com a gravidez. Quase todas elas vivem em países pouco desenvolvidos.
Dessas mortes, 200 mil podem ser atribuídas à falta ou falha de mecanismos de controle da natalidade.
Cerca de 150 milhões de mulheres que querem aumentar o intervalo entre uma gravidez e outra não têm os meios de fazê-lo. Cerca de 75 milhões de gravidezes são indesejadas, e o resultado disso é 45 milhões de abortos por ano.
O relatório diz que 120 milhões de mulheres foram submetidas a alguma forma de mutilação sexual e que 2 milhões de meninas de 5 a 15 anos de idade entram para o comércio do sexo a cada ano.
"Se pudesse escolher, a maioria das mulheres teria menos filhos do que a geração de sua mãe," diz o documento.
Se as pessoas tivessem o direito de escolha, as famílias tenderiam a ser menores, e os países poderiam equilibrar suas populações e seus recursos, conclui o documento.

Texto Anterior: Regime indonésio reforça a segurança na eleição de hoje
Próximo Texto: Há elo entre câncer e poluição, diz estudo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.