São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997
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Títulos de AL vão 'micar', diz senador

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Teotonio Vilela Filho (AL), presidente nacional do PSDB, afirmou ontem que a instituição financeira que detiver títulos de Alagoas com vencimento na segunda-feira "vai micar" com os papéis em suas carteiras de investimentos.
"É politicamente complicado o governo ajudar Alagoas a pagar esses títulos", disse Teotonio, ao explicar por que o presidente Fernando Henrique Cardoso se recusa a emprestar dinheiro ao governo do Estado para quitar a dívida depois de amanhã.
O governo alagoano deveria resgatar segunda-feira R$ 104 milhões de títulos que emitiu, no ano passado, para suposto pagamento de dívidas decorrentes de decisões judiciais.
A CPI dos Precatórios, instalada pelo Senado para investigar emissões desse tipo, apurou que o governo alagoano utilizou de fraude para lançar os títulos.
Segundo relatório do senador Roberto Requião (PMDB-PR) sobre a emissão alagoana, o Estado montou uma lista falsa de precatórios devidos e usou o dinheiro da venda dos títulos para pagar fornecedores e empreiteiras, o que é irregular.
O governador Divaldo Suruagy (PMDB) também é acusado de falsificar a assinatura do ex-governador Fernando Collor em documento que o Estado se habilitava a pagar precatórios, em oito parcelas, com o resultado da venda de títulos públicos.
Suruagy terá nova reunião, na próxima semana, com FHC e os três senadores de Alagoas -Teotonio, Guilherme Palmeira (PFL) e Renan Calheiros (PMDB).
O presidente ameaçou promover uma intervenção federal em Alagoas, mas gostaria que Suruagy se afastasse do cargo para poder emprestar dinheiro ao Estado sem ter que apoiar um governador envolvido em irregularidades.
ABC-Roma
O vice-presidente financeiro do ABC-Roma, Alfredo Morais, disse que os R$ 28,4 milhões de títulos de Alagoas registrados na Cetip (central privada de registro de títulos) em nome do banco pertencem a um cliente que o procurou para fazer a custódia dos papéis.
"O banco tem duas contas na Cetip, uma que é a sua carteira própria e outra de clientes", disse.
Segundo ele, o banco faz a custódia de títulos para terceiros porque só instituições financeiras são autorizadas a registrar papéis na Cetip. "Nunca comprei um título de Alagoas", disse. O banco, segundo ele, recebe comissão para registar títulos em sua conta na Cetip. "Os títulos saíram da custódia de Alagoas para a de meu cliente."

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