São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997
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Fita rara dos Beatles é encontrada no país

LUIZ ANTÔNIO RYFF

LUIZ ANTÔNIO RYFF; PAULO HENRIQUE BRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Confirmada sua existência há dez dias, jam session de Lennon e McCartney, em 74, nos EUA, já tinha CD

Há dez dias, durante uma conversa na Internet, o cantor e baixista Paul McCartney revelou a existência de uma fita com a jam session entre ele e o cantor John Lennon, avivando o interesse de beatlemaníacos em todo o mundo.
Feita em 1974, em um estúdio em Los Angeles, nos EUA, a fita é, até o momento, o único registro do encontro entre os dois após a dissolução dos Beatles. A gravação foi avaliada pelo jornal "Daily Mail", em US$ 3 milhões.
"Esse número é absurdo. Isso não existe no mercado. Ela não vale mais do que US$ 200. Ela só poderia valer isso se fosse única", afirma o radialista e jornalista capixaba Edu Henning, 39, um dos maiores colecionadores de Beatles no país.
Ele, por exemplo, não desembolsou um centavo para adquirir a fita DAT com a gravação do encontro, com pouco mais de 29 minutos.
Ela veio em uma troca com um colecionador inglês, de Liverpool, em 1995.
Na troca -a forma mais usada pelos colecionadores para conseguir novos itens-, Henning recebeu algumas fitas e objetos e passou para o colecionador um álbum brasileiro de figurinhas sobre os Beatles e fitas com entrevistas que ele fez no Brasil com McCartney e com George Martin (maestro do conjunto).
E nem é tão impossível assim encontrar essa gravação, já que ela foi lançada até em CD -pirata, mas CD.
O disco se chama "A Toot and a Snore" e foi lançado em 1992 pela gravadora Minstril. E traz os registros de uma jam session unindo McCartney, Lennon, o pianista, o cantor Stevie Wonder, os guitarristas Harry Nilsson e Jeff Ed Davis, e o saxofonista Bobby Keys.
"Além de sua qualidade, a importância dessa gravação é que ela desfaz o mito de que Lennon e McCartney ficaram brigados após o fim do grupo", diz Henning.
A fita começa com um improviso, tem uma jam de blues, muita falação -principalmente de Lennon-, uma versão de "Lucille" (clássico de Little Richards), com Lennon nos vocais, três versões de "Stand By Me" (clássico de Ben E. King), "Cupid" e "Take This Hammer", com Stevie Wonder cantando.
Mas a importância histórica da fita é seu maior valor, segundo Henning. "É uma fita extremamente descontraída, mas não tem muita coisa de extraordinária", diz.
Desde 1979, o radialista tem um programa de rádio no Espírito Santo. Hoje, seu "Clube dos Beatles" -mesmo nome de sua banda cover- é retransmitido por oito emissoras locais. Esse é um dos motivos para ter montado sua coleção com mais de 400 discos piratas, apenas dos Beatles.
A fita, segundo ele, não é seu item mais valioso. Sua preciosidade é um LP de "Help" assinado por Lennon, McCartney, George Harrison e Ringo Starr. "Paguei US$ 2 mil por ele", diz.
Mas seu xodó é outro: um vinil pirata em que Paul McCartney mostra a construção do arranjo de "Let It Be".
Ele também coleciona outros artigos, como entradas para shows, pôsters de shows e filmes e discos de outros artistas que fizeram gravações dos Beatles -já tem 2 mil.
Para quem está à cata da fita com o encontro de Lennon e McCartney, Henning lança um aviso válido para toda a sua coleção: "Não comercializo, não vendo, não empresto."
Na entrevista pela Internet de McCartney houve outras curiosidades que despertaram o interesse dos beatlemaníacos.
Ele disse que possui uma fita demo com uma música inédita gravada por Lennon. McCartney não informou o nome da música, nem disse se o material poderá ser utilizado no futuro pelos membros remanescentes dos Beatles, como ocorreu com "Free as a Bird" e "Real Love", lançadas no pacote "Anthology".
McCartney também disse ter um caderno com quatro composições inéditas dele e de Lennon, feitas no início de carreira do quarteto.

Colaborou Paulo Henrique Braga, de Londres

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