São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997
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Direita aposta na divisão do eleitorado

MARTA AVANCINI
DE PARIS

A direita aproveitou ontem, último dia da campanha eleitoral, para fazer um apelo dramático contra os riscos de um governo de coabitação. A estratégia visa reverter a estreita vantagem da esquerda em intenção de votos, conforme revelam pesquisas eleitorais.
Levantamento do instituto CSA revela que em pelo menos 85 dos 565 distritos, o vencedor será definido, na votação de amanhã, por uma diferença de até 1,5%.
"Basta uma pequena parcela do eleitorado mudar de opinião para alterar o resultado", disse Stéphane Rozès, diretor de estudos políticos do instituto CSA. Existem na França, 577 distritos, mas 12 deputados já foram eleitos no primeiro turno, no último domingo.
"Um governo de coabitação vai significar uma negociação constante, e não é isso que os franceses querem, não é mesmo?", perguntou Philippe Séguin, provável primeiro-ministro em caso de vitória da direita, durante comício.
Na França, o termo coabitação é usado para caracterizar um governo em que o presidente e o premiê pertencem a blocos políticos opostos. Isso pode acontecer se a esquerda ganhar as eleições amanhã.
A pequena diferença entre o vencedor e o perdedor nos distritos apontados pelo CSA pode reverter a tendência de vitória da esquerda, apontada nas últimas pesquisas.
Embora pequena, essa diferença pode ser significativa por causa do sistema distrital. São eleitos aqueles que tiverem maioria absoluta no primeiro turno ou maioria simples no segundo.
A coalizão Reunião pela República e União pela Democracia Francesa (RPR-UDF) e outros partidos de direita devem obter 260 cadeiras. A Frente Nacional deve eleger dois deputados.
A mudança da tendência de vitória da esquerda depende da abstenção, dos votos nulos e em branco. De acordo com outro instituto de pesquisa, o BVA, eles podem chegar a 26% amanhã. O BVA prevê 316 cadeiras para a esquerda, 259 para a direita.
Lionel Jospin, primeiro-secretário do Partido Socialista e provável premiê se a esquerda ganhar, pediu ontem aos eleitores que confirmem o desejo expresso no primeiro turno e criticou o governo: "RPR e UDF estão propondo uma confusão política e apresentando as mesmas propostas de campanha presidencial de 95".

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