São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997
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Júri inicia decisão sobre bomba de Oklahoma

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Os sete homens e cinco mulheres que formam o júri federal do caso de Timothy McVeigh começaram a deliberar ontem o veredicto do principal acusado do atentado a bomba contra o edifício da administração pública federal de Oklahoma City, em que morreram 168 pessoas, em 19 de abril de 1995.
McVeigh, 29, veterano condecorado da Guerra do Golfo, alega inocência. Se o júri o considerar culpado, pode ser condenado à morte. Sua defesa não apresentou nenhum álibi. McVeigh diz que estava sozinho, em seu carro, viajando em direção ao Estado de Arkansas, sul do país, quando a explosão em Oklahoma City ocorreu. Pouco após o atentado, ele foi detido numa estrada interestadual nas imediações da cidade por seu automóvel não estar licenciado e preso por porte ilegal de arma.
O julgamento começou em 24 de abril e não foi televisionado para o público. Além das pessoas que entraram na corte federal de Denver, Colorado, oeste do país, apenas parentes das vítimas tiveram o direito de assisti-lo, em circuito fechado de TV. A promotoria chamou 137 testemunhas em 18 dias, e a defesa, 25, em quatro dias.
A promotoria tentou caracterizar McVeigh como um conservador extremista que, enraivecido pelos seus sentimentos antiestatais, planejou e executou o pior atentado terrorista da história dos EUA.
Sua principal testemunha foi Michael Fortier, colega de McVeigh no Exército, que disse tê-lo ouvido descrever planos para explodir um edifício público federal. Fortier testemunhou contra McVeigh em troca da promessa do governo de uma pena leve em outro caso de uso de explosivos.
A defesa centrou seus argumentos em ataques contra a confiabilidade das evidências apresentadas pela acusação. Tentou desmoralizar o testemunho de Fortier e levantou a possibilidade de uma pessoa ter provocado a explosão e morrido nela, com base no depoimento de um médico legista segundo quem a perna de uma pessoa não-identificada foi encontrada nos escombros do edifício.
Não há testemunhas visuais da presença de McVeigh em Oklahoma City no dia do atentado e as evidências da promotoria são apenas circunstanciais. A defesa argumentou que o governo está usando seu cliente como bode expiatório para dar satisfação ao público.
Os jurados, que puderam dormir em casa durante o julgamento, passaram a ficar incomunicáveis num hotel de Denver a partir de ontem até chegarem a uma deliberação. O julgamento de McVeigh foi transferido de Oklahoma City para Denver a pedido da defesa, com o objetivo de aumentar as possibilidades de se escolher um júri capaz de isenção.

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