São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997
Próximo Texto | Índice

NOSSA CAIXA, NOSSO ROMBO

A crise das finanças estaduais não começou com o Banespa nem termina com a sua transferência, para futura privatização, ao governo federal. No entanto, em nenhum momento pode-se perder de vista o caráter central do "caso Banespa" como referência obrigatória no debate sobre a reforma do Estado no Brasil.
É muito importante não subestimar a falência prática da operação de "bancos estaduais".
Causa espanto, no momento mesmo em que já tardiamente se encontra uma solução (custosa) para o Banespa, o governo estadual propor uma "revolução" na "Nossa Caixa, Nosso Banco".
As intenções do Bandeirantes, como em todas as administrações, são louváveis: Covas promete mudar a Nossa Caixa para que não se repitam os erros do passado. Cabe entretanto perguntar se, entre tantos erros cometidos, não houve um que foi fundamental, a saber, a própria existência de um banco estadual.
As justificativas que valeram no passado para esse tipo de banco caducaram, tais como o fomento à agricultura, a capilarização dos serviços para atingir localidades de baixa densidade econômica e mesmo políticas industriais.
Hoje há instituições nacionais e estrangeiras querendo crescer no mercado de serviços bancários, a capilarização muda depois das tecnologias de informação (com seus "bancos virtuais"), e o fomento setorial diz respeito mais ao governo federal.
O governo estadual quer dar maior transparência à Nossa Caixa, abri-la a capitais privados, profissionalizá-la. Por que, então, não privatiza a instituição de uma vez por todas?
Não, o governo Covas reincide na mesma recusa que apenas adiou a privatização do Banespa.
Fechado o acordo com o governo federal, o governo Covas quer criar mais impostos, mas recusa-se a privatizar integralmente a "Nossa Caixa, Nosso Banco".
Ou subestima o peso do caso Banespa ou não quer aprender a lição, esquecendo que o risco também é "nosso" e sai caro no final.

Próximo Texto: ALAGOAS EM CRISE
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.