São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997
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MARTA SALOMON

Brasília - É tremendo o esforço governista não apenas para garantir a Fernando Henrique Cardoso a chance de disputar um segundo mandato, mas também para que ele faça campanha sem se afastar um só dia do cargo.
Muitos até já se esqueceram -entre os que exaltam as qualidades "excepcionais" de articulador político do deputado Luís Eduardo Magalhães- de que o governo não conseguiu votos para colocar na Constituição, com todas as letras, que o candidato à reeleição não precisa se licenciar do cargo.
O que os governistas conseguiram, até aqui, foi interpretar uma omissão da Câmara como ponto a favor de FHC.
A omissão não seria igualmente favorável a governadores e prefeitos, pelo menos segundo a interpretação duvidosa produzida pelo Planalto para atrair os votos de 40 senadores que planejam se candidatar, em 98, aos governos estaduais.
Certos de que a emenda da reeleição será aprovada na semana que vem no Senado, os governistas preparam uma nova investida para evitar obstáculos aos planos de FHC.
O deputado Mendonça Filho, que assina a proposta da reeleição, acha que a oportunidade está aí, na lei eleitoral.
Raciocina o deputado: se os presidentes norte-americanos podem disputar a reeleição voando no avião oficial, por que FHC também não pode? Basta que despesas típicas de campanha eleitoral sejam bancadas pelo partido do candidato.
Mas como separar o presidente do candidato? Para o deputado, viagens para visitar ou inaugurar obras públicas não são consideradas atividades de campanha. Nesses casos, a conta iria para o contribuinte.
"Não estamos discutindo igualdade de condições entre os concorrentes, porque o candidato à reeleição naturalmente leva vantagem", observa o deputado, defensor de regras iguais para presidente, governadores e prefeitos.
A votação da lei eleitoral vai ser um bom momento para discutir o financiamento das campanhas e quem paga a conta do jogo político.

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