São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Bedel censura baixaria em papo telefônico
CARLA CONTE
Para usar o serviço, o usuário disca o número e, automaticamente, cai em um grupo no qual podem ficar até cinco pessoas. Quem liga pensando que vale tudo durante a conversa se engana. Palavrões, conversas que sugerem sexo por telefone ou condutas perturbadoras -como ficar berrando na linha, fazer barulho e ser grosseiro com os companheiros de linha- são cortados pelos encarregados da censura telefônica. Quando surge uma dessas situações, a monitora fala isoladamente com o usuário "inconveniente". Se ele não desistir de perturbar, a funcionária consegue "calar" o usuário -ele pode falar o quanto quiser, mas ninguém do seu grupo vai ouvi-lo. "É um tipo de castigo para o sujeito inconveniente", diz o jornalista Luiz Carlos Bravo, 67, criador do Disque-Amizade. Quando o usuário percebe que foi "calado", geralmente desliga e volta a fazer nova ligação para entrar em novo grupo. "Na maioria das vezes, a pessoa pede desculpa por ter se comportado mal e volta para o grupo sem problemas", diz a monitora Janice dos Santos, 23. "Eles são compreensíveis." Asterisco Outro meio de descobrir os eventuais problemas é por meio dos próprios usuários. Eles podem apertar uma tecla do telefone -o asterisco- para entrar em contado com a monitora e relatar o que está acontecendo. Na maioria das vezes, os usuários chamam a funcionária para mudar de grupo. Cada uma delas fiscaliza, durante seis horas, 20 grupos -que têm em média três pessoas. As funcionárias são orientadas a não interferir nas conversas, mas muitas vezes os próprios usuários pedem para que elas participem. As monitoras ficam em um tipo de central telefônica -chamada de plataforma-, sentadas na frente de um computador com fone no ouvido. Na tela aparecem os 20 grupos e um número que cada usuário ganha ao entrar na linha. Os números telefônicos dos usuários não são identificados pelo sistema -apenas pela Telesp, que faz a cobrança e administra o serviço e, por isso, leva 15% do faturamento do Disque-Amizade. Exportação Desde que o Dique-Amizade funciona -começou em 1979- no Brasil, há monitoras. O mesmo esquema já foi "exportado" para o Chile e a Venezuela. A idéia também chegou aos EUA, segundo Bravo, mas não deu certo porque o monitoramento não foi aceito pelas companhias telefônicas norte-americanos. "Assim não dava. O papo ia descambar para o sexo e essa não é a minha proposta". Bravo afirma que prefere "perder clientes" a permitir "conversas inconvenientes e obscenidades ao telefone". "Mesmo que perca usuários, sei que de grão em grão a galinha enche o papo", diz, referindo-se ao crescimento consistente que espera no serviço. Um dos motivos do sucesso entre os usuários é o valor da tarifa -R$ 0,48 por minuto, menos que o cobrado pelos serviços 0900. O Disque-Amizade começou em Natal (RN) e funciona em São Paulo desde abril de 96. Segundo Bravo, o maior problema para implantar o serviço foi a resistência das companhias telefônicas locais. "Muitos achavam que não ia dar certo, mas deu." Texto Anterior: Conheça as três versões Próximo Texto: Brincadeiras conquistam a simpatia dos usuários Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |