São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997
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Leonardo da Vinci antecipou descobertas científicas

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Leonardo da Vinci foi um dos maiores gênios da humanidade. Um pequeno manuscrito seu foi arrematado por US$ 30,8 milhões, o Codex Leicester, que permanecera com a família desse nome por dois séculos.
Dois anos depois, o documento, que tem apenas 18 folhas dobradas em quatro e formando folheto de 72 páginas, foi apresentado ao público em exposição realizada no Museu de História Natural de Nova York, tomadas as precauções de conservação.
As folhas foram acondicionadas em caixas de vidro climatizadas, iluminadas por luz especial intermitente para não prejudicar o papel e a tinta; terminais de computador permitiam que os visitantes vissem "de perto" os originais e ouvissem a tradução em inglês, enquanto monitores realizavam as experiências descritas. Os cuidados eram compreensíveis porque aquele folheto continha manuscritos e desenhos relativos a especulações e experiências científicas.
Algumas delas antecipavam conhecimentos descobertos muito depois, como a causa do brilho da Lua, a tênue luminosidade das pontas do crescente lunar e, mais importante, a teoria das ondas, que só seria formulada 200 anos mais tarde por Christian Huygens.
Mas a grande paixão científica de Leonardo era a água, que modelava a Terra, que o gênio comparava a organismo vivo, antecipando de séculos a recente hipótese Gaia.
Leonardo conhecia tudo e a respeito de tudo criava teorias, corretas, em sua maioria. Ele fundia e integrava a ciência na arte. Em suas paisagens, as pedras e plantas tinham precisão geológica e botânica. No Codex Leicester não se encontram vistosos desenhos, mas esboços ou rascunhos necessários para explicar o texto, escrito da direita para a esquerda (ele era canhoto e preferia escrita especular).
Leonardo era filho ilegítimo do notário florentino Piero da Vinci com a camponesa Catarina e sua criação ficou a cargo paterno.
Nasceu em Vinci, perto de Florença, a 15 de abril de 1452 e faleceu no castelo de Cloux, perto de Ambroise, a 2 de maio de 1519.
Tudo indica, por seus precoces e gerais conhecimentos e interesses, que teve educação aprimorada. Começou a estudar pela pintura, para a qual revelava forte tendência, estudando com o famoso pintor Andrea del Verrocchio e, aos 20 anos, já era considerado profissional.
Completado o aprendizado, buscou emprego como pintor, engenheiro hidráulico e arquiteto com a família Sforza e depois com outros ilustres patronos, viajando sem cessar de Florença a Milão e outras localidades.
No intervalo de suas andanças estudava tudo o que podia, tornando-se geólogo, físico, botânico, zoólogo, anatomista e patologista, além de muitas outras profissões que exercia com brilho.
Nesses intervalos também se dedicava à pintura, em que se destacou sobremaneira. Prova disso é a célebre Mona Lisa, produto de sua velhice vigorosa.

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