São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997 |
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Índios ganham US$ 50 mil pelo azul
MARIO CESAR CARVALHO
A empresa só faz cosméticos com matéria-prima vegetal. O dinheiro foi dado em forma de benefícios. A empresa está construindo cem barracos de bambu e sapê para os guarani morarem e vai plantar 100 mil árvores na reserva, em Dourados (MS). A Aveda está interessada na cor do jenipapo porque são raríssimos os pigmentos vegetais azulados. Só existe uma alternativa no mercado, feita com a flor gardênia azul por empresários japoneses. A empresa ainda não usou o azul do jenipapo em nenhum dos 700 produtos que comercializa. Planeja usá-lo no futuro. May Waddington, 40, coordenadora de projetos da Aveda, diz que a empresa optou por construir barracos por causa da situação de miséria dos guarani-kayowa. A maioria vive sob lonas. "É uma situação de quase favela", afirma. Os barracos de bambu e sapé custam US$ 380 cada. Criada pelo cabeleireiro austríaco Horst Rechelbacher, a Aveda ficou famosa por se recusar a usar ingredientes petroquímicos em seus produtos. Rechelbacher tem ojeriza ao petróleo por causa da suposta agressão à natureza que seria o processo de extração. É tão fanático na pregação das benesses vegetais que foi apelidado de "Testemunha de jojoba", em alusão ao sectarismo das Testemunhas de Jeová. Waddington diz que, se a Aveda chegar a um novo pigmento com o jenipapo, a patente será feita em nome da associação dos guarani. A obtenção da cor não é nenhum segredo. Basta ralar jenipapo verde. Segundo ela, é muito difícil os índios entenderem o que é patente ou propriedade intelectual. Não é fácil administrar o processo. "Eles têm muitos problemas internos." Os yawaná do Acre foram o primeiro grupo indígena a fazer um acordo com a Aveda. Receberam US$ 150 mil para fornecer e processar urucum. (MCC) Texto Anterior: 'A idéia foi dos índios' Próximo Texto: Na fila com Monet Índice |
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