São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997
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Ação rebelde deixa 17 mortos em Timor

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Rebeldes que combatem a ocupação de Timor Leste pela Indonésia mataram 16 policiais e um soldado em uma emboscada ontem na cidade de Baucau, a segunda maior do território.
Outros sete militares ficaram gravemente feridos no atentado, que aconteceu no mesmo dia em que o Exército da Indonésia anunciou a prisão de 22 independentista ligados aos ataques de quarta e quinta-feira (dia da eleição) contra delegacias e locais de votação.
As ações são descritas por moradores da área como as mais violentas em vários anos. A Indonésia invadiu Timor Leste em dezembro de 1975 -na época, aquela parte da ilha vivia o processo de independência em relação a Portugal.
Segundo Yusuf Muharam, chefe da polícia no território, 13 dos detidos foram apontados como rebeldes da Fretilin (Frente Revolucionária de Timor Leste Independente), e 9, como simpatizantes. Os distúrbios da semana passada deixaram 17 mortos.
Os indonésios, que mantêm 5.000 homens em Timor, calculam em 80 o número de guerrilheiros armados no território, que tem 850 mil habitantes. Há estimativas que dão conta de até 200.
O líder timorense no exílio, o Nobel da Paz de 1996 José Ramos-Horta, afirmou que a eleição é "um ritual sem sentido".
Eleição
A entidade Fórum Asiático pelos Direitos Humanos, que tem sede na Tailândia, disse que seus observadores ficaram espantados com a excessiva presença militar durante a eleição e com as irregularidades.
"Achamos que não há eleições limpas e justas em uma atmosfera de medo", relatou ontem Evelyn Balais-Serrano, chefe da delegação que acompanhou as eleições.
A entidade disse que as autoridades em algumas áreas não permitiram que todos os cidadãos votassem. As piores pressões são sofridas pelos jovens, que temem represálias nas escolas se não votarem para o governista Golkar.
As eleições foram criticadas também pelo governo português, que ainda tem direitos formais sobre Timor, segundo a ONU. O uso do idioma português, uma "arma de resistência" dos timorenses, é reprimido pelo governo indonésio.
Segundo a agência indonésia "Antara", citada pela "Reuter", o chefe da polícia na ex-colônia portuguesa foi substituído. Mahidin Simbolon estava no cargo havia dois anos. Aparentemente, não há relação com os tumultos.
Simbolon foi um dos responsáveis pela prisão, em 95, de Xanana Gusmão, o principal líder da rebelião timorense. Ele cumpre 20 anos de prisão em Jacarta. Xanana foi a personalidade mais lembrada quando Ramos-Horta e o bispo de Dili, Carlos Ximenes Belo, receberam o Nobel da Paz.

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