São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997
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Todo ano é um bom ano para vinho

PAULO FERRETTI

Australianos ganharam prêmio de melhor vinho em 96 e preparam-se para rivalizar os vinhedos europeu e norte-americano
O anúncio do ranking dos melhores vinhos de 1996, feito pelo badalado enólogo norte-americano Robert Parker, trouxe uma agradável surpresa para os amantes da bebida. O primeiro colocado foi o vinho tinto australiano Penfolds Grange, 1990.
Nada mais justo para um país que vem revelando vários vinhos brancos e tintos de alta qualidade e que se firma como um grande rival, nos próximos anos, dos tradicionais vinhedos europeus.
A saga do vinho na Austrália teve início bem cedo, com a chegada do escocês James Brusby, em 1824. Junto com outros comerciantes locais, Brusby distribuiu gratuitamente mudas de videiras francesas e espanholas a todos os interessados.
As plantações se espalharam, principalmente pelo sul da Austrália. Porém, os vinhos produzidos em larga escala não apresentavam grande qualidade e eram consumidos pelo mercado interno.
Após a Primeira Guerra Mundial, no entanto, o governo australiano incentivou o plantio de uvas por parte dos soldados que voltavam do front e não tinham oportunidades de emprego nas cidades. Vinhos fortificados, tipo Porto e Jerez, correspondiam a três quartos da produção nacional, sendo largamente exportados para a Inglaterra e o Canadá.
A partir da década de 70, com a descoberta de regiões que possuíam "microclimas" propícios para o cultivo do vinho, a Austrália finalmente iniciou sua arrancada em direção aos grandes produtores mundiais de vinhos de qualidade. E, devido à diversidade de climas e regiões com potencial produtivo, criou-se entre os produtores o lema "Every year is a good year for wine" (todo ano é um bom ano para vinho).
Produção
Com mais de 7.000 vinhedos e 600 produtores, a Austrália produz hoje vinhos varietais (que têm em sua composição a maioria ou a totalidade de uvas de um só tipo) bem conceituados no mercado. Tem como tripé de sucesso as varietais Chardonnay, Cabernet Sauvignon e Sémillon Blanc.
A produção de varietais é grande, seguindo uma rígida lei que obriga o produto a ser composto por 80%, no mínimo, da espécie da uva que lhe cede o nome. Alguns são produzidos com duas espécies com proporções equivalentes e levam o nome dos dois tipos, como, por exemplo, Cabernet-Shiraz (Sirah, em francês).
Um fato peculiar da vinicultura australiana é a mistura (blend) de uvas produzidas em regiões diferentes, contrariando a tradição européia, que delimita regiões para produzir vinhos, seguindo um estilo definido e consagrado.
Na Austrália, as composições de solo, clima e temperatura ("microclimas") são muito variadas, devido ao seu vasto território. Assim, cada região se adapta a uma determinada espécie de uva e os grandes produtores como Penfold's, Lindemans, Mc. William's e Smith Yalumba, possuem vinhedos espalhados por várias delas.

ONDE ENCONTRAR Bin 389 Penfold's 1993, Cabernet Shiraz, R$ 37, na Mistral. Tel. 288-9654. Oxford Landing 1995, Cabernet Shiraz, R$ 18, produtor Yalumba, na Mitsui. Tel. 707-5988. Padthaway Chardonnay 1995, Lindemans, US$ 20,66, na Expand. Tel. 816-2024.

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