São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997
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Lições negras de corte e costura

JONI ANDERSON

Seria leviandade dizer que o "streetwear" -o modo de vestir que nasce nas ruas- só tem a ver com a cultura negra. Mesmo não sendo a única fonte, as raízes black têm lá a sua parcela de responsabilidade por essa forma de expressão estar entre os principais componentes da moda dos anos 90.
Com o "streetwear", são incorporados novos (ou velhos) elementos ao vestuário, criando códigos próprios e inteligentes na maneira de um grupo formar uma imagem original.
Claro que também utiliza referências da cultura negra, como as calças amplas e de cós baixo dos negros dos guetos norte-americanos, as camisetas dos astros do basquete, o "dreadlock" do rasta jamaicano, o visual dos jovens negros londrinos ou o estilo dos cantores de rap.
Tudo isso, quanto mais misturado, melhor. "O streetwear representa mais rapidez, praticidade e exclusividade, mas não é encontrado por aí com facilidade. Em algumas lojas especializadas, o preço é bem salgado", diz a empresária Cibele de Freitas, 38, proprietária do Sigbol Fashion Institute, escola de moda que ensina métodos para modelagem, corte, costura e criação.
De olho nas tendências, o Sigbol montou cursos rápidos, de até quatro meses, que ensinam leigos a fazerem roupas especificamente para esse público.
Também ministrados por quatro professoras negras (fotos), os cursos orientam a confecção de calças amplas, macacões, saias, vestidos, camisetas e outras peças e ajudam a refletir sobre o universo cultural dos negros.
"É uma maneira de se vestir que representa liberdade e um meio das pessoas passarem as suas mensagens. Me sinto orgulhosa, porque também é uma forma de mostrar a cultura negra", diz Geni de Jesus Santana, 36, uma das professoras.

ONDE ENCONTRAR Sigbol Fashion Institute: r. Domingos de Morais, 1.621, Vila Mariana, zona sul, tel. 549-9166. Duração do curso de streetwear: quatro meses. Mensalidade: a partir de R$ 59.

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